domingo, 18 de janeiro de 2009

FILME RATATOUILLE PROVOCA NOVA ORDEM PARA PROJETOS DE VIDA.


Filme Ratatouille provoca nova ordem para projetos de vida
Como imaginar um rato cozinheiro? É pensar o impossível. É subverter a ordem natural por outra lógica. A arte do cinema de animação possibilita a viagem e o encontro não de um cozinheiro comum, mas alguém que vê nos ingredientes da comida um caminho para revelar os segredos que o sabor provoca em todo nosso corpo: o prazer.

Os humanos têm coisas fantásticas, afirmou o rato. Eles não vivem somente para comer. Não são como os ratos. Têm outras possibilidades para ser mais. A criatividade e a imaginação fazem a diferença. As possibilidades dadas pela capacidade de criar não limitam o caminho percorrido. Assim como as descobertas, desde as mais corriqueiras, como o modo de andar (com cuidado para não alterar o sabor), de escrever e contar histórias, sejam elas receitas de comida, que levam a abrir horizonte e perceber o mundo e as possibilidades de ser mais e se encantar com o novo.

O rato é levado pela sua imaginação a ir para o alto. Com fome, perdido, longe da família; ou seja, sem nenhuma condição possível, ele subverte todos os desejos imediatos para buscar outro que o leva a ampliar seu olhar. E descobre que, do lugar onde está, é possível ver toda “Paris” – ele exclama – eu vivi todo tempo debaixo daqui! Com isto, ele contempla aquela nova realidade e amplia seus horizontes. Essa é a consciência de estar no mundo como parte dele, perceber-se parte de um planeta, com a possibilidade de influir nesta realidade.

Essa contemplação o faz ver seus sonhos com novo olhar. Não teme nenhuma aventura, corre de um lado para outro, se joga na busca de seus objetivos, correndo todos os riscos com determinação e coragem. Nada é dificuldade para tornar o seu sonho uma realidade. Essa novidade é carregada de respostas novas. Coisas até então, impensadas, que ele vai vivendo, o obriga a criar e inventar meios de lidar com essa ordem que começa a se instaurar pelas suas descobertas e pelos encontros que vai travando no seu caminho. Um caminho marcado por várias escolhas e encantamentos.

Entre as decisões está o encontro com sua família nesta nova condição. Ele enfrenta o pai, chefe do clã, que tem a tarefa de transmitir aos/às filhos/as o modo de vida dos ratos. Afirma que tem outros caminhos a percorrer e que suas escolhas não afetam o amor pela família; porém, ele precisa sair deste espaço para construir outros em que ele se perceba e se realize. O diálogo é carregado de ameaças para fazer o/a jovem rato voltar para uma vida comum. Contudo, o rato que lê receitas, de repente passa ler outras situações mais amplas, como as estruturas que organizam o restaurante. Ele questiona aquele que se diz proprietário dos bens e das idéias que faz mover o funcionamento do mesmo.

O rato lê receitas e não as repete. Ele recria porque crê, na sua intuição, que os encontros dos sabores faz surgir algo novo. Vai além: no jovem desajeitado, filho bastardo de um amor que não se oficializou, entre o patrão e a empregada, há uma possibilidade não organizada. Este jovem não seguirá o caminho do patrão, do pai, porque sua sensibilidade é outra, porém é herdeiro. O rato acredita no jovem. Diante do jovem curioso e desajeitado que inicia pela sopa, ele percebe que pode salvar a sua iniciativa, dá um toque especial, transformando a sopa em algo novo e inusitado, despertando novos sabores e exigindo passar de novo pelo mesmo lugar, repetindo a sopa. E para isto o jovem precisa do rato cozinheiro. Aí começa a aventura entre os dois.
No início, seu acompanhamento é confuso (mordidas e manipulações) para que o jovem reproduza suas idéias. Por causa dos conhecimentos repetidos do rato, o jovem recebe reconhecimento, faz novas conquistas; porém, carrega o drama da repetição que não o realiza, enfrenta todas as desconfianças com vigilância constante daquele que controla a ordem. O rato, também provoca e desperta o jovem para outros encontros com novas descobertas. No entanto, diante do conflito, no momento que exige sua participação decisiva, o jovem coloca seus dons com habilidade a serviço da causa, de uma nova ordem estabelecida.

O movimento de percepção do rato o faz ler outras situações mais amplas, como as estruturas que organizam o restaurante. O controlador da ordem vigente é impostor, que não respeita os sabores, segue as receitas, nada entende de encontro dos sabores, planeja lucro e somente esse resultado, nada além disto. Essa leitura faz o rato enfrentar a estrutura criada pelo que ocupa a ordem vigente, com seus meios de produção indevidos, e ele luta pelos direitos da outra pessoa, herdeira desta nova ordem, filho jovem de uma trabalhadora. O rato, com esta informação,corre atrás para torná-la conhecida e a comunica de tal modo que o herdeiro assume a tarefa de organizar o restaurante.

Ele enfrenta também as idéias oficiais, ou seja, os críticos às mudanças, que estão sempre de plantão, classificando, no sistema e estabelecendo uma visão de mundo sobre o fato. Estes críticos têm o poder de criar opiniões e todas as pessoas crêem no que eles dizem a ponto de intervir na produção, dando possibilidade de continuar ou não no circuito, por causa de convenções.
Ao romper com as receitas prontas, encontrando o sabor dos temperos, a ponto de fazer o milagre da memória, que provoca a experiência mais fundante da vida, do amor, da acolhida, do estar junto, do olhar para o/a outro/a e retomar a experiência que o reconstitua como pessoa. Essa experiência é capaz de abrir outras possibilidades, crer no que antes era improvável. Retomar as teorias, experimentar novos sabores. Melhor, abre-se ao conhecimento a ponto de deixar surpreender-se pelo desejo de saborear algo novo.

É notório que a nova ordem, analisada pelos fiscais de plantão, não pode se estabelecer no mesmo lugar. É preciso criar também novos espaços, onde essa nova ordem possa se estabelecer e gerar outros encontros, inclusive com mais dignidades para aqueles/as que estavam excluídos, no lixo, e que agora estão tendo a possibilidade de experimentar o prazer da dignidade e do reconhecimento.

Nossa história também é marcada por vários momentos que exigem decisão e nem sempre elas são marcadas por acertos. Nos acompanhamentos que fazemos aos/às jovens, no início são desajeitados/as para as buscas e depois, quando encontram o sentido da vida, da causa, revelam suas habilidades. Assim como subverter a ordem, antes de privilégios para alguns, com um estilo e uma organização, poder criar nova ordem, onde o prazer e a pessoa possam estar no centro, de modo a realizar suas potencialidades.

Vivemos momentos assim em nossa história, quando nos deparamos com a organização do Fórum Social Mundial, com a busca de “outro mundo possível”, que tem essa idéia de subversão, dizendo um não a esta ordem que está posta, criticando a concentração de renda que está em poucos, de modo que alguns têm demais, com todo luxo, e a maioria não possui o necessário para sobreviver, vivendo do lixo, como os ratos.

Somos convocados/as a construir projetos de vida, a compreender como estão estruturadas essas lógicas do sistema neoliberal para romper, desde o modo de andar, modo de organizar nossas atividades, nos relacionar, criando, desde o pequeno, estruturas que vão estabelecendo a possibilidade de vários projetos de vida, em todos os níveis: pessoal, comunitário e societário.


O filme é uma ferramenta importante para o debate para além da comida. É um convite a pensar projetos de vida, onde subverter a ordem significa instaurar a vida em abundância para todos/as.




Carmem Lucia Teixeira

CAJU – Abril de 2008


Artigo disponível em: http://www.casadajuventude.org.br/index.php?option=content&task=view&id=1891&Itemid=0

AS VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA TÊM IDADE, CLASSE SOCIAL E COR.





As vítimas da violência têm idade, classe social e cor.


Já no clima da CF 2009 e da Companha contra a violência e ao exterminio de jovens, um artigo para aperitivar nossas discussões. As vítimas da violência têm idade, classe social e cor. “Como poderiam os oprimidos dar início à violência, se eles são o resultado de uma violência anterior?” (Paulo Freire).


Surpreendentemente a juventude é encarada como protagonista da violência no país. A inversão dos fatos assombra, sendo que na grande maioria das vezes é a Juventude vítima das violências. Para além da violência física cometida pelos governos repressivos, o racismo, o machismo, a homofobia, a discriminação com a juventude, são expressões da violência psicológica contra as ditas minorias sociais, os principais alvos da segregação social: mulheres, negros, indígenas, homossexuais, empobrecidos e jovens.



O racismo, por exemplo, é encarado como superado pelo senso comum e pela grande mídia. Será mesmo? A realidade das universidades comparada à realidade dos presídios, não seria o racismo materializado? A discriminação social e racial transcendeu os muros ideológicos, agora também é coisa concreta: dividem objetivamente a sociedade, tornando os presídios cada vez mais pobres e mais negros, e as universidades, mais brancas e mais ricas, por exemplo.



“Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado”.



A nossa história está marcada pela violência dos poderosos contra os mais fracos, por isso ainda reflete o extermínio. Ela se inicia com o massacre de índios, com a exploração da mulher pelo homem, com a escravidão dos e das negras, concebidos todos e todas como coisa, não gente. Segundo Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros - 2008, entre 1996 e 2006 o índice de homicídios na população jovem teve um aumento de 31,3% enquanto na população total foi de 20%.



A pobreza tem cor, e no Brasil ela é negra. Os negros apresentam um índice de vitimização 73,1% superior aos brancos na população total e 85,3% superior na juventude. A violência contra os povos indígenas, ocorrida entre os anos de 2006 e 2007, aumentou mais de 60%, sendo a maioria jovens. A falta de demarcação das terras indígenas continua a ser o principal problema gerador de conflitos.



Sete milhões de jovens brasileiros, o dobro da população do Uruguai, não trabalham nem estudam. Se verificarmos a faixa etária nos presídios brasileiros, como afirma a Pastoral Carcerária, vamos constatar que os presos são em geral jovens, pobres, analfabetos e negros. Entretanto, a CNBB, no Texto-Base da CF 2009, nos alerta para as injustiças geradas ao associar pobreza à violência, pois, vemos que ela se manifesta em todas as camadas sociais, embora, seja a classe pobre a que mais sofre discriminação, sobretudo os jovens que muitas vezes são rotulados como delinqüentes, são excluídos e marginalizados.



Nossos jovens estão sendo exterminados dentro e fora dos presídios, “só no Distrito Federal, segundo dados do Ministério Público, entre 2003 e 2005, 178 jovens foram mortos enquanto cumpriam medida sócio educativa”. A realidade das penitenciárias brasileiras desumaniza as maiorias que não têm poder político ou econômico que lhes assegure gozar de privilégios, ao invés de reabilitar, funcionam como escolas do crime e promovem a violência.



A juventude, negra, indígena, branca, mulher e homem, homo e heterossexual, trabalhadora e desempregada, estudante e sem escola/ universidade, é capaz de reverter a lógica da violência, da exclusão étnica e social. Organizar-se, ocupar os espaços, movimentar as cidades, o campo, as escolas, reivindicar direitos, propor mudanças estruturais e urgentes, ideológicas e objetivas. Somente a própria juventude é capaz de combater as violências que a extermina.



Por acreditar nisso, as Pastorais da Juventude do Brasil – PJB está promovendo em todo o país, uma grande Campanha contra a violência e extermínio de jovens, em consonância com a Campanha da Fraternidade 2009 que propõe o debate sobre segurança pública. Todos/as são convocados a entrar nesta luta em defesa da vida!





Sugestões para desenvolver a Campanha:




• Trabalhar o conceito de violência em suas diversas formas: física, estrutural e simbólica, alargando o conceito que temos no senso comum;




• Incluir o tema da segurança pública, violência (dentro e fora da escola) e extermínio de jovens no planejamento escolar, tornando-o eixo transversal;




• Promover seminários, oficinas e palestras durante a campanha Contra a violência e Extermínio de Jovens (2009 e 2010), enfocando principalmente as causas do problema e apresentando possíveis soluções;




• Promover atividades lúdico-recreativas com a temática, (permitindo que os/as jovens mostrem livremente sua percepção desta problemática). Como por exemplo, festival de música, poesia e teatro, gincanas, etc;




• Criar grupos de reflexão sobre a violência, articulando-os a outras redes de discussão e manifestar-se diante de todas as formas de violência com abaixo-assinados, faixas, cartazes, passeatas, etc;




• Incentivar pesquisas sobre os índices de violência no local e a partir daí, desenvolver a produção de textos que podem ser trabalhados na comunidade;




• Atuar na perspectiva de mídia alternativa para divulgação dos trabalhos na linha da promoção dos direitos e cidadania, contra a violência e a favor da cultura da paz;




• Trabalhar a Semana da Cidadania no mês de abril nas escolas;




• Incentivar o engajamento dos/as jovens em comissões de direitos humanos (onde existem) para acompanhar o tratamento das políticas com relação aos/as jovens detentos/as, delinqüentes ou não. Onde não existem estas comissões, incentivar a criação das mesmas;




• Promover um amplo debate sobre a Redução da Maioridade Penal, fornecendo subsídios diversos à juventude estudantil e grupos de jovens, potencializando-os na tomada de posições, o que pode ser expandido para a população em geral.


















Tábata Silveira


Estudante de Direito


PJE – Sapucaia do Sul – RS e Secretária Nacional


















Maria Aparecida de J. Silva


Bacharel em Teologia pelo ISTEPAB – Instituto Superior de Teologia e Pastoral de Bonfim – Bahia e articuladora Nacional da PJB


























sábado, 17 de janeiro de 2009

O ATAQUE VIOLENTO A FAMÍLIA E AOS VALORES CRISTÃOS DIANTE DOS NOSSOS OLHOS.


O ATAQUE VIOLENTO A FAMÍLIA E AOS VALORES CRISTÃOS DIANTE DOS NOSSOS OLHOS.


Estava em casa fazendo a parte mais chata de ser professor, ou seja, organizando o diário escolar, quando parei por alguns minutos para descansar a mente. Liguei a televisão e estava começando a exibição do último capítulo da novela A Favorita. Como eu amo o dom da interpretação (e convenhamos, o elenco desta novela, no quesito interpretação deu um show à parte), resolvi assistir. Pobre da minha mente, pois não descansou nem 1 minuto durante 1 hora e meia de ataque violento a família e aos valores cristãos, em pleno horário nobre.

No início da novela, o primeiro bombardeio: Lara, a filha da vilã Flora, diante da provocação da mesma, atira na sua própria mãe. Tudo bem que a tal mãe era uma personagem que tinha aprontado todas e que demonstrava total ódio e desprezo pela filha. Mas mãe é mãe, por mais que seja o pior do ser humano, não justifica um filho levantar um polegar contra ela. E o pior, é que muitas pessoas, infelizmente muitos irmãos católicos, vibraram com a cena e até alguns ficaram chateados porque a mocinha não deu um tiro fatal na mãe vilã.

Outra cena mostra a personagem Catarina, uma senhora que teve uma triste experiência de vida conjugal, que às vésperas do casamento, termina o noivado, dando um belo discurso, falando que sentia fome de liberdade. Quem assistiu atentamente essa cena chega à conclusão que o casamento é a coisa mais triste que existe no mundo, que é uma prisão, uma escravidão. Agora eu me pergunto: se o casamento é tudo isso dito pela Catarina, por que Jesus fez seu primeiro milagre, mesmo não sendo sua hora, justamente numa festa de casamento? E por qual motivo Ele instituiu o sacramento do Matrimônio? Para sermos pessoas presas, amarguradas? Com certeza o Jesus jamais faria isso conosco.

Logo após o belo discurso anti-sacramento do matrimônio dado pela personagem Catarina, a filha desta personagem recebe a visita do pai, recém-saído da prisão que praticamente se humilha para pedi perdão, algo que a filha não concede e ainda o humilha mais, contrariando o que mais Jesus nos pediu na sua caminhada terrestre: o perdão. Se uma filha não concede o perdão a um pai que cometeu várias atrocidades, mas que teve a coragem de chegar diante dela e pedi perdão, que obrigação ela terá de perdoar uma pessoa que aprontar com ela e não tenha laços familiares com ela? Será que ela ensinará a sua filinha recém-nascida os setenta vezes sete perdões que Jesus nos ordena e que ela simplesmente ignorou com seu próprio pai?

Teve mais bombardeio apenas neste capítulo da novela: A “Família” formada por duas mulheres e um homem, os senhores que após casamentos com outras pessoas finalmente tiveram o esperado final feliz, as mulheres que viajaram juntas (Catarina, a senhora do discurso, numa mensagem direta pró-união homossexual), foram as mensagens dadas pelo inimigo de Deus para desprezar o que ele tem mais inveja de nós, humanos e filhos de Deus: a família.

Sei que alguns que estão lendo este artigo devem pensar que eu estou pegando pesado e que a novela é apenas ficção. De fato são, mas o nosso povo brasileiro, tão carente de cultura sadia, fazem das novelas suas educadoras, pois elas ditam normas, modas e principalmente comportamento. Foram as próprias novelas que introduziram na sociedade brasileira valores anticristãos contra a família, que hoje viraram práticas costumeiras e está enraizado no pensamento de muitos, até mesmo em muitos membros da Igreja. Ou alguém não lembra que foi o seriado Malhação que nos seus primeiros dias de exibição lançou para os jovens de todo Brasil a prática do “fica”? Que outras novelas introduziram no horário nobre temas como produção independente, aborto, casamento homossexual e tantos outros temas que ferem violentamente os valores familiares instituídos pelo próprio Deus?

Evidente que as novelas não as únicas culpadas por essa situação de relativismo em relação aos valores cristãos. O pastor batista norte-americano Martin Luther King certa vez disse: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”. De fato, temos nossa parcela de culpa. Afinal, o que estamos fazendo para propagar os valores do Evangelho? Será que todos, como cristãos católicos batizados que somos, estamos nos opondo a esses ataques do inimigo de Deus?

Quero salientar que não tenho nada contra o autor e os atores que participaram desta novela de sucesso. Muito pelo contrário, até os parabenizo por saber usar o lindo dom de interpretar dado por Deus a cada um deles. Quero apenas neste artigo despertar em nós cristãos católicos, em especial os jovens, o senso crítico diante de tanto bombardeios ao Evangelho. Devemos está vigilantes e orantes para não cairmos nas ciladas que o encardido nos arma.

O quarto mandamento da Lei de Deus é Honrar pai e mãe. No decorre de toda Palavra de Deus, encontramos vários versículos que só reafirmam esse mandamento e nos mostra a importância de uma família. Tem um ditado popular que resume bem a importância da família: Família é um pedaço de Deus na Terra. Façamos da nossa família um espelho da Sagrada Família de Nazaré.


Rick Pinheiro
Teológo, professor de Ensino Religioso, Bacharel em Direito e coordenador da Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Maceió.

CRISTIANISMO E ESPIRITISMO: UMA MISTURA QUE NÃO DAR CERTO.


CRISTIANISMO E ESPIRITISMO: UMA MISTURA QUE NÃO DAR CERTO.


Já não é de hoje que a doutrina espírita é vastamente divulgada pela mídia, em especial, pela Rede Globo de Televisão que usa o que há de melhor nela para difundir o espiritismo: A teledramaturgia. Há pouco tempo atrás, praticamente todas as novelas da grade de programação da emissora e até mesmo programas jornalísticos como Linha Direta abordavam o espiritismo. A novela “A Viagem”, por exemplo, foi exibida por três vezes. Isso sem falar na versão antiga dos anos 70 que também foi exibida por mais de uma vez. No momento que escrevo este artigo, estão sendo exibidas duas novelas da emissora abordam o tema. Uma delas comete um “gravíssimo erro” que atrai os eleitos de Deus desavisados: “Profeta” é aquele que anuncia e denuncia em nome de Deus e no caso do protagonista da mencionada novela ele é um “Vidente”.
Mas não podemos ser insensatos e condenar a Rede Globo por difundir a doutrina espírita, pois os seus fundadores e diretores são adeptos desta. Caso contrário teríamos que condenar a Canção Nova, por exemplo, por levar a muitos lares a mensagem do Evangelho. No Brasil a liberdade religiosa é assegurada pela Lei Máxima do País, a Constituição Federal, desde que haja o respeito à liberdade de culto e a liturgia de cada credo religioso. Aliás, respeito que a referida emissora não tem por nós católicos, pois sempre somos mostrados como tarados, pervertidos, frustrados, chatos, caretas, cruéis e velhos chatos (nesses mais de 10 anos de Malhação, alguém viu um jovem cristão entre os personagens? Um grupo jovem? Um encontro ao estilo EJC? Se apareceu alguma vez, por favor, me alertem para que eu não seja injusto).

O que me preocupa é o número considerável de católicos que são simpatizantes e até adeptos do Espiritismo. Vão as Missas aos domingos e durante a semana vão a sessões espíritas. Devemos lembrar que Jesus mesmo nos diz que “não devemos servir a dois senhores”. Muitos destes nossos irmãos caem na cilada do inimigo de Deus e aceitam a doutrina espírita por ignorância e até mesmo acham que é um complemento para sua fé católica.

Todos nós, como cristãos batizados, temos a missão de levar a Boa-Nova a todos que mais necessitam. Vale esclarecer que não podemos forçar ninguém a concordar conosco ou fazer guerra contra qualquer doutrina diferente da nossa, mas temos que fazer a nossa parte como discípulos e missionários de Cristo, ou seja, levar a nossa doutrina a todos. Para isso precisamos nos abastecer, buscando na Palavra de Deus, no Catecismo da Igreja, no Magistério da Igreja as dúvidas e os erros de fé mais freqüentes do povo de Deus.

Para esclarecemos que a doutrina espírita de fato é oposta ao que Jesus prega vamos dar uma pesquisada, primeiramente na Palavra de Deus. No livro do Levítico, Deus nos ordena: “Não vos dirijais aos espíritos nem aos adivinhos: não os consulteis para que não sejais contaminados por eles” (Lev. 19,31). No livro do Deuteronômio Ele nos ordena: “Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou filha (Obs: Prática de magia negra), nem que se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, aos feiticismos, à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou à evocação dos mortos, porque o Senhor abomina aqueles que se dão a essas práticas... (Deut 18, 9-13).

O espiritismo kardecista nega pelo menos 40 verdades da fé cristã, entre elas a mais grave é Negar nossa redenção por Cristo. Para esta doutrina Jesus Cristo não passa de um espírito muito evoluído através das suas sucessivas reencarnações e a salvação decorre não da graça de Deus, mas do esforço pessoal de cada indivíduo que procure se purificar dos seus pecados cometidos em encarnações anteriores.

Diante do pouco exposto aqui podemos constatar que Cristianismo e espiritismo não caminham lado a lado. Devemos alertar aos nossos familiares e amigos que se deram a essas práticas abominadas por Deus a imediatamente abandoná-las, procurar um sacerdote e, de fato, se purificar deste pecado pelo sacramento da Reconciliação, fazendo o propósito de nunca mais se deixar levar por essa prática oferecida pelo inimigo de Deus. Vale lembrar que também se faz necessário destruir todo material (livros, imagens, gravuras, etc.), usadas nas sessões espíritas e para difundir sua doutrina.

Quanto à questão abordada do início deste texto é simples: da mesma forma que temos a liberdade religiosa em nosso país, temos também a liberdade de deixar entrar em nossas casas o que de fato serve para edificar a nossa família. Basta apenas um clique no controle remoto da televisão.
Para nos aprofundamos mais nesta e em outras doutrinas, sugiro dois livros que me ajudaram a escrever este artigo: Crenças, Religiões, Igrejas e seitas: Quem são? – D. Estevão Bettencourt e Falsas Doutrinas, Seitas e Religiões – Prof. Felipe Aquino.

Por fim quero relatar um fato do início da minha caminhada com Cristo. Estava na “Escola da Fé”, curso que a nossa Arquidiocese oferece aos catequistas, quando uma catequista perguntou a irmã religiosa que estava palestrando sobre o que ela achava do espiritismo. Essa irmã, numa sabedoria digna do meu amigo Marivan, sorriu e respondeu: “Deus é perfeito, logo Ele não repete”. Fica essa mensagem para todos nós.

Rick Pinheiro
Teológo, professor de Ensino Religioso, Bacharel em Direito e coordenador da Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Maceió.

PAI AMOROSO



PAI AMOROSO


Certa manhã estava me dirigindo a faculdade vi uma cena corriqueira, mas que me chamou atenção naquele momento: um menino aparentando ter no máximo uns cinco anos, chorando, aos berros, enquanto a mãe tranqüilamente o segurava pelos braços e caminhava. Ao cruzar por eles descobrir o motivo daquele “barraco” protagonizado pelo garotinho: ele simplesmente queria que a mãe o largasse para que ele pudesse atravessar correndo a avenida até a Praça Centenário. A mãe sem perder a paciência e numa calma impressionante, mesmo diante do “dramalhão mexicano” do filho, explicava o porquê não deixá-lo fazer sua vontade, o quanto era perigoso ele atravessar com o sinal verde para os carros, que o amava e estava fazendo aquilo para o bem dele.


Essa cena tão comum em qualquer lugar do mundo chamou-me atenção naquele dia porque compreendi ainda mais o quanto Deus é um Pai amoroso. Alguns dias antes de ter testemunhado a citada cena, tinha lido a seguinte passagem do Evangelho: “Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á”.(Mt 7, 7-8). Após ler essa passagem e fazer a devida meditação sobre ela, num momento de fraqueza na fé, fiquei com uma dúvida: Por quê nem sempre que pedimos algo a Deus somos atendidos? Por mais que peçamos com muita fé que, por exemplo, aquele nosso ente querido seja curado, aquele emprego seja nosso, que depois de estudarmos tanto possamos passar no vestibular, entre outros pedidos, não somos atendidos por Deus?

Deus como Pai amoroso que é, não deixa-nos uma dúvida sequer em nossa vida. Ele sempre mostra as respostas para os nossos questionamentos. A minha resposta foi ao ver àquela mãe, entendi que Deus é como ela, ou seja, Ele sabe o que é melhor para nós.

Muitas vezes somos como aquele menino. Quantas vezes na nossa vida nos revoltamos contra Deus, reclamamos, choramos, armamos verdadeiros barracos, porque o que pedimos não foi atendido? Jesus disse “Pedi e receberei”, mas na prática pedimos e não somos atendidos. Estamos então diante de uma controvérsia entre o que Ele disse e o que de fato ocorre?

Lógico que não, pois em Deus não há contradição. Na verdade o problema não é que Jesus disse uma coisa no Evangelho e na prática é outra, pois Deus nunca muda. O problema é que não sabemos pedi o que é certo para nós. Temos que ter a compreensão que nem sempre o que queremos é bom para nós. Se naquele momento o nosso ente querido não foi curado, aquele emprego não foi nosso, nem passamos no vestibular é porque, com certeza, Deus tem preparado algo muito melhor para nós.

Deus sempre está nos falando e até nos mostra o porquê de não ter atendido os nossos pedidos. Ele faz isso não que nos deva satisfação, e Ele não deve mesmo, mas Ele faz isso como Pai amoroso que é. Ele faz o impossível para abrir os nossos olhos.

Deus é capaz de tudo. Aliás, como uma canção que eu ouvir num encontro que eu participei recentemente: “Deus só não é capaz de deixa de te amar”. O amor de Deus por nós é infinito e imenso. Se Ele não atende os nossos pedidos, por mais que seja para nós o melhor pedido de todos, como por exemplo, a cura de alguém, com certeza não é porque Ele não ama a cada um de nós, mas porque Ele sabe o que é melhor.

Nesse meu curto tempo de caminhada cristã, aprendi que nem sempre o nosso tempo é o tempo de Deus. Ele sabe o momento certo de cada coisa em nossa vida.

Temos que ter a consciência que Deus está sempre presente em nossa vida e como Pai amoroso que é está pronto para nos derramar suas graças. O ideal é que possamos pedir corretamente. E como fazer isso? Não nos preocupemos, pois Deus sabe o que é melhor para todos nós. Basta apenas confiarmos na sua infinita bondade.

Continuemos rezando, pedindo a Deus sem cessar. Pois Suas graças estarão sempre derramadas sobre todos nós. Como disse São Padre Pio: “Reze e espere; não te agites. A agitação não ajuda nada. Deus é misericordioso e escutará a tua oração”.


Rick Pinheiro
Teológo, professor de Ensino Religioso, Bacharel em Direito e coordenador da equipe arquidiocesana da Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Maceió.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

AI DE MIM SE NÃO EVANGELIZAR!



Aí de Mim se não evangelizar!

Na minha pouca experiência na caminhada com Cristo, visitei vários grupos de jovens e participei de vários encontros e retiros. Nestas oportunidades que Deus me concedeu nesses quase 15 anos de missão, fiz vários amigos e mantive conversas francas com diversos jovens, em especial, coordenadores de grupos.

No geral, os temas destas amigáveis conversas são as dificuldades que os grupos passam na missão evangelizadora da Igreja de Cristo. Praticamente unânime a grande dificuldade: A FALTA DE FORMAÇÃO.

Diante dessa dificuldade resolvi criar o blog Evangeliza Juventude, para oferecer aos jovens mais um instrumento de formação. Não sou melhor que ninguém ou sei tudo sobre as coisas de Deus, pois "tudo sei que nada sei". Mas senti em meu coração o chamado de ser mais uma gota no oceano de formação que a nossa Igreja oferece a todos nós.

Semanalmente irei postar diversos artigos, pesquisados em sites católicos, como também livros e documentos da nossa Igreja, e alguns artigos de minha autoria. Os artigos aqui publicados não serão apagados, mas para uma melhor visualização de todos os artigos sugiro que ou clique no ano (2009) no cabeçalho do índice ou no final de cada página clique em postagens mais antigas.

Você está INTIMADO a contribuir com o nosso blog.

Mande seu artigo ou sugestão de assuntos que gostaria de ser abordado aqui para
rickcristorei@hotmail.com ou pastoraldajuventude_al@yahoo.com.br.

Espero com a graça de Deus que este humilde blog possa ser instrumento para levar a Luz de Cristo aos jovens que estão na escuridão, como também sirva de subsídio para os grupos de jovens debaterem em suas reuniões.

Que a Santíssima Trindade possa iluminar a todos nós!

Rick Pinheiro.
Teológo, Professor de Ensino Religioso, Bacharel em Direito e Coordenador da Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Maceió.

VER DEUS


Ver Deus

Estamos muito acostumados à nossa visão material e sensível das coisas. Não é fácil imaginarmos quem e como é o Criador. Por via indireta, a natureza, concluímos sobre a grandeza d'Ele, que tudo fez. Enxergamos a vida e queremos ter prazer palpável. Até lutamos para ter o que é material e mesmo o crescimento no conhecimento, aumentando em nosso cérebro muitas informações usadas para nos beneficiar.
Mas, a um dado momento há quem pergunte: para que tudo isso?
O questionamento continua quando nos deparamos com nossas deficiências, nossa incapacidade para adquirirmos tantas coisas e superarmos problemas, quando ficamos doentes e nos aproximamos da realidade da morte.
Deus, sabendo da nossa visão muito ligada ao sensível, veio mostrar-se a nós dentro dessa nossa percepção, tornando-se um de nós. Mas nos fez enxergar, além do notado pelos sentidos, a continuação da vida na eternidade. Sem esta, nossa história na terra se torna verdadeira decepção.
Construiríamos verdadeiro castelo e ele se acabaria com sua destruição. Aliás, podemos até pensar nas mansões terrestres, no acúmulo de terras, fortunas, diplomas e obras realizadas, se tudo fosse apenas para fazermos nome para os outros dizerem algo de nós no futuro. Mas, mesmo este nome no futuro fica, em grande parte, esquecido!
Na realidade da vida de sentido, apresentada por Jesus, vale a pena construir a boa cidade terrestre, mas para o serviço à comunidade, a partir dos mais excluídos de vida digna, na convivência do amor. Este é oblativo e nos faz ser doadores de vida para termos o direito de ver a Deus de modo imensamente feliz na eternidade. A visão do que é terreno como finalidade não dá base para se conquistar o banquete celeste de modo feliz. Para nós, sozinhos, isto é um desafio imenso. Mas, para Deus, nosso esforço nessa direção redunda em possibilidade de atingirmos o objetivo último da caminhada terrestre.
Embora nossa tendência seja para a fixação no que é terreno, seguindo os passos do Divino Mestre conseguimos acertar mais a direção de nossa caminhada, com seu significado mais elevado. Muitos têm dado verdadeiro exemplo nessa direção. Quantos entes queridos, lembrados no dia dos falecidos, nos ensinaram a viver a fé com perseverança e doação no amor a Deus e ao próximo! Eles são benditos, verdadeiramente felizes, contemplando o Senhor na eternidade!
Transformar a cidade terrestre em convivência de irmãos e irmãs é nosso grande desafio e nossa nobre missão. Temos a maior razão para isso. Conseguiremos ser pessoas de grandeza diante de todos porque o próprio Deus nos ensina a sermos grandes no amor. Quem isto faz é capaz de ser humilde e serviçal. Educado e trabalhador para o bem da família, da comunidade e de toda a humanidade. Para se conseguir um lugar junto ao Divino, precisamos ser verdadeiramente humanos na terra. Cristo fez isto. Promete-nos também a vida plena depois de O termos imitado na doação de nós, desenvolvendo os talentos por Ele a nós outorgados e colocando-os a serviço do bem, da justiça e da convivência fraterna. Vida feliz com Deus na eternidade é conquistada através da vida presente com Ele mesmo em cada pessoa na vida terrena.
José Alberto Moura
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros, MG
Fonte: CNBB

O CHÁ DERRAMADO

O Chá Derramado



Certa vez um professor universitário, com fama de saber tudo, foi visitar um velho sábio. Queria testar os conhecimentos do ancião. O sábio acolheu muito bem o professor, escutando com paciência suas perguntas e questionamentos. Chegou a hora de servir o chá. Sempre sorrindo, o sábio começou a encher as xícaras. A do professor ficou bem cheia, mas o sábio continuou a despejar o chá, derramando-o na mesa. O professor pensou que o velho estivesse distraído ou mesmo tivesse algum problema na cabeça por ser tão descuidado, e disse em tom áspero:

- O senhor não está vendo que a taça está cheia e não cabe mais? O velho sábio, calmamente, respondeu:

- Assim como esta xícara está trasbordante de chá, o senhor está cheio da sua erudição, das suas opiniões, das suas hipóteses complexas. A minha sabedoria só pode ser compreendida pelos corações simples e abertos. Como eu posso comunicar-lhe um pouco desta sabedoria sem antes, o senhor, esvaziar a xícara da sua arrogância?

-Tenho a impressão que uma das nossas maiores dificuldades para dar ouvido à mensagem da fé, à boa notícia de Jesus, é ter a nossa cabeça e o nosso coração cheios de idéias, pré-conceitos, auto-suficiência e propaganda. O tempo do Advento deve servir para nos prepararmos para o Natal do Senhor. Contudo, se olharmos ao nosso redor, parece que isso já esteja acontecendo ou passando rapidamente, sem graça nenhuma, além dos chavões natalinos e de fim de ano. Entendo que o comércio vive e prospera com isso, porém cabe a nós saber distinguir o Natal de Jesus do que é aparência e correria das festas.

Não é por acaso que João Batista pregava “no deserto”, longe da cidade, do barulho, da preocupação de cumprir horários e honrar compromissos. Para entender um pouco o que está acontecendo na nossa vida, precisamos parar, calar e escutar. Se acharmos que está tudo certo, que não precisamos entender mais nada, ou nos questionar sobre nada, é porque confiamos demasiadamente no nosso saber, nas nossas interpretações, ou naquilo que nos é apresentado com enfeite e pisca-pisca. Provavelmente não estamos nem um pouco curiosos e, menos ainda, aguardando alguma coisa, de verdade e sinceramente.

Como sempre, Deus pede para entrar na nossa vida. Não o faz com chamadas publicitárias, colocando-se agressivamente de baixo dos nossos olhos e enchendo de zoada os nossos ouvidos. A sua vinda demorou muitos anos para acontecer. Muitos profetas a anunciaram. Muitos deviam estar preparados, atentos e ansiosos. Não foi bem assim que aconteceu. Naquele tempo também, tudo continuou na mesma confusão. Brigas de poder, enganos, mentiras, violências e medos.

Será que hoje não adianta mais insistir? Pode ser que sabidos, inteligentes e expertos como somos, achamos impossível, e até inconveniente, que Deus tenha se preocupado tanto com a nossa história para entrar no meio dela igual a nós - fraco e pequeno como nós. Com essas idéias nunca iremos entender o Natal. No máximo prepararemos os presentes e a geladeira cheia, quem puder, claro.

Ainda não paramos suficientemente para nos perguntar sobre o tamanho do acontecimento e sobre as suas razões. Ou o Natal é uma piedosa historinha para crianças, com camponeses, anjos, bois e burros, ou pode ser o maior evento da história humana. Aquele que o universo não pode conter, que está acima e, ao mesmo tempo, tão perto de todos nós, como nos lembra a Bíblia, e que decidiu partilhar a nossa natureza humana, para nos falar e nos ajudar. Pode ser uma luz na confusão da nossa existência, uma palavra de esperança para quem admite desconhecer o rumo da história do planeta e da sua vida. Contudo se nos acharmos já satisfeitos e fartos, o Natal de Jesus passará sem deixar rastos. Mais uma graça jogada fora, uma ocasião perdida.


Dom Pedro José Conti
Bispo de Macapá

Fonte: CNBB


Disponível em: http://www.revistamissoes.org.br/artigos_ler.php?ref=2638

AS EPÍSTOLAS BÍBLICAS.



As Epístolas Bíblicas
Os livros do gênero didático, também chamado epistolar, do novo Testamento são as epístolas. O vocábulo epístola é latino e significa carta.
As epístolas são, pois, as cartas escritas por alguns apóstolos às comunidades, às Igrejas recém-formadas e a seus dirigentes com a finalidade de aconselhar, orientar, doutrinar e instruir seus destinatários.
Isso acontecia por causa da expansão do Cristianismo na Palestina, na Ásia Menor, em alguns pontos da Grécia e para estabelecer comunicação com as Igrejas nascentes. Foram elas escritas em grego e muito utilizadas porque este gênero estava em voga entre os romanos daquela época.
Seus nomes são tirados dos próprios destinatários ou de seus autores. São, ao todo, vinte e uma cartas. Dessas, quatorze são de Paulo e as restantes, de Pedro, Tiago, João e Judas. São classificadas como universais e pastorais. Aquelas, assim chamadas porque dirigidas a um conjunto de Igrejas; estas, a uma comunidade ou a uma pessoa particular. Todas, porém, com um objetivo comum: a comunicação, a doutrinação e a orientação.
Dos ensinamentos das epístolas, bastante numerosos, ressalta-se um de suma importância por causa de sua aparente discordância. Ele se encontra em Paulo e Tiago. Seu tema é a justificação. Paulo diz que “O homem é justificado pela fé sem as obras da Lei” (Rm 3, 27), e Tiago afirma que “A fé, se não tiver obras, está morta” (Tg 2, 14). Como conciliar estas aparentes contradições? É uma questão de hermenêutica.
Para se entender a afirmação de Paulo, tem-se que completá-la com suas outras epístolas, integrando-as numa síntese mais vasta. Dirigindo-se a outras Igrejas, o Apóstolo afirma: “Ainda que falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse caridade seria como o bronze que soa ou como o címbalo que tine” (1Cor 13,2). “... em Cristo Jesus, nem a circuncisão tem valor, nem a incircuncisão, mas a fé agindo pela caridade.” (Gal 5,6).
Uma interpretação muito simples leva a concluir que a fé de que fala Paulo é uma fé concreta, uma fé que age, uma fé que recebe da caridade o seu impulso e a sua forma. A fé de Paulo é, pois, uma fé atuante. E o que é isso se não obras? Então as obras, na doutrinas de Paulo, são também, necessárias à justificação.
São Tiago, tratando, em sua carta, da mesma doutrina, faz esta afirmação categórica: “Meus irmãos, se alguém disser que tem fé, mas não tem obras, que lhe aproveitará isso? Acaso a fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã não tiverem o que vestir e lhes faltar o necessário para a subsistência de cada dia, e alguém dentre vós lhes disser: “Ide em paz, aquecei-vos e saciai-vos”, e não lhes der o necessário para sua manutenção, que proveito haverá disso? Assim também a fé, se não tiver obras, está morta em seu isolamento” (Tg 2,14).
A fé de que fala Tiago é um simples assentimento da inteligência às verdades reveladas, ato puramente intelectual que, neste caso, sozinha, não garante a justificação. Daí a necessidade das obras. Não basta somente crer. É necessário demonstrar essa crença em nossa vida. São as obras.
Não há, portanto, discordância de ensinamentos entre Paulo e Tiago. Paulo fala de uma fé atuante, livre, sem estar presa à letra da lei. Se ela é atuante, ela age.
Quando Tiago afirma que, sem obras, não há justificação, ele se refere ao crente puramente intelectual, aquele que se deleita somente em aceitar as verdades reveladas, mas não as põe em prática na sua vida. Por isso ele dá logo os exemplos.
A doutrina da justificação encontra suporte nos ensinamentos de Jesus Cristo quando Ele atribui a justificação a uma fé atuante: “Pois o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com seus anjos, e então retribuíra a cada um de acordo com seu comportamento” (Mt 16,27). “Vinde, Benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo, pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me recolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-me” (Mt 25,34).
O advento é tempo propício para uma reflexão sobre nossa fé: ela é atuante, movida pela caridade, pela justiça ou, simplesmente, um ente de razão? Se ela for atuante, a justificação é certa. Se for racional, a justificação só será alcançada mediante as obras, coincidindo, assim, com a doutrina do apóstolo Paulo.
José Cajuaz Filho.
José Cajuaz Filho, professor de Língua Portuguesa e Latina da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET). Especialista em Tecnologia Educacional pela Faculdade de Filosofia de Fortaleza (FAFIFOR). Membro da Academia Cearense de Língua Portuguesa.


Fonte: José Cajuaz Filho / Revista Missões

A ATITUDE DO BEM.


A atitude do bem

Ser humilde é a principal característica de quem entendeu o Amor

Estamos sempre à espera que o semelhante nos faça somente o bem. Em todos os lugares, em várias circunstâncias, ao depararmos com outras pessoas, esperamos uma boa recepção, a aprovação social, o melhor lugar, etc. Muitas vezes, até de familiares e amigos mais próximos, gestamos a expectativa de adquirir sua melhor acolhida, o que nem sempre acontece.

Há no ser humano uma inclinação em querer o melhor para si. E nos sentimos injustiçados ou inocentes quando isso não acontece. Esquecemos, por um momento, que também a outra pessoa deseja e pode estar disposta a lutar, se for preciso, por um lugar privilegiado. Também os apóstolos discutiam quem entre eles seria o maior.

Desculpamo-nos muitas vezes por não fazermos o bem, por não sermos correspondidos favoravelmente num contato, devolvendo ao indiferente ou aquele que nos agride uma atitude recíproca a que ele nos dispensou. Talvez o pecado original seja o principal responsável por tais atitudes em nós.

O lado humano e as primeiras impressões de justiça e amor-próprio gritam dentro de nós. Também a tentação de nos comparar, na situação, uns com os outros, justificaria a sensação de injustiça. "Porque ele pode e eu não?" Por mínima que seja a atitude de desaprovação, já imaginamos: "O que fiz para essa pessoa?" ou então: "Que falta de consideração!", ou ainda: "Nem me notou!" Pensamentos assim nos detêm na capacidade de responder diferente.

A consciência e a vontade de querer ir além das mazelas humanas devem ser maiores. O que levou o outro a querer o melhor só para si esquecendo-se da fadiga e do cansaço alheio? Com certeza se descobríssemos seus infortúnios vida afora, ainda que menores que os de outros, veríamos sua atitude de forma diferente, olharíamos com piedade e entenderíamos seus limites. Por incrível que pareça, se quisermos a consideração das pessoas, ou melhor, para revertermos qualquer situação difícil em algo favorável, devemos deixar exalar do nosso interior o bem que queremos receber dos outros.

O bem que aprendemos dos que nos amam incondicionalmente é o que muda e converte o coração dos que nos são indiferentes. Como alguém pode aprender a amar se não há quem o ensine e lhe dê exemplo? A resposta na mesma moeda não tem valor quando se trata da conquista de um coração!

Supere você as expectativas do outro. É Nosso Senhor Jesus Cristo que nos ensina a agir acima da simples sombra da justiça humana e a pensar segundo a misericórdia divina. "Até os pecadores prestam ajuda aos pecadores, para receberem o equivalente. Amai vossos inimigos, fazei o bem e prestai ajuda sem esperar coisa alguma em troca" (Lc 6, 34-35).

Não ter uma imagem elevada de si mesmo e nunca contar com a total atenção e serviço de todos alimenta a humildade. Ser humilde é a principal característica de quem entendeu o Amor, e o Amor esvaziou-se de si e se entregou a cada um de nós. Sigamos o exemplo d'Ele para encontrar a felicidade eterna. Amar e ensinar a amar, essa é a nossa vocação! Deus o abençoe.

Sandro Ap. Arquejada - Missionário da Canção Nova

COMO DISTINGUIR A VONTADE DE DEUS NA MINHA?


Como distinguir a vontade de Deus na minha?

O Senhor nunca nos pede algo que não podemos realizar com Sua graça

Corresponder aos desígnios de Deus é sempre um desejo do coração daqueles que, de alguma forma, já experimentaram Seu amor. É por isso que frequentemente ouvimos alguém dizer: “Eu gostaria de saber qual é a vontade de Deus para minha vida”.
Estes dias um jovem abriu o coração comigo, falando de seus sonhos, medos, lutas e conquistas. Ele parecia não estar satisfeito, nem demonstrava entusiasmo diante das últimas realizações. Havia uma sombra de tristeza e apreensão em seu olhar, o que me levou a lhe perguntar: “O que está lhe faltando agora?” Ele prontamente respondeu: “Eu quero distinguir a vontade de Deus da minha”. Por providência, eu tinha acabado de ler alguns escritos de Chiara Lubich falando sobre isso, então, transmiti-lhe algumas palavras de incentivo. Depois continuei pensando no assunto.
Sei que aquele jovem não é uma exceção. Na verdade, descobrir a vontade de Deus é um anseio comum entre nós. Pois sabemos que estar na vontade de Deus é caminho certo para a felicidade, e ser feliz é tudo que o ser humano mais almeja neste mundo.

Chiara Lubich, fundadora dos focolares, afirma que não é difícil saber qual é a vontade de Deus e nos indica o caminho:

“É preciso ouvirmos bem dentro de nós uma voz delicada, que muitas vezes sufocamos, e que se torna quase imperceptível. Mas, se a ouvirmos bem: é a voz de Deus. Ela diz-nos que aquele é o momento de ir estudar, ou de ajudar quem tem necessidade, ou de trabalhar, ou de vencer uma tentação, ou de cumprir um dever de cristão ou de cidadão. Convida-nos a dar atenção a alguém que nos fala em nome de Deus, ou a enfrentar com coragem situações difíceis. Temos que a ouvir. Não façamos calar essa voz, ela é o tesouro mais precioso que possuímos. Sigamo-la!”

Depois dessa descoberta, temos uma segunda etapa que também é muito importante: Ter a coragem de assumir a vontade de Deus fazendo dela o nosso projeto de vida! A condição para isso é dar os passos exigidos a cada instante. Por vezes, são coisas bem simples no início, e ao longo da caminhada surgem exigências maiores, que aliás são sempre possíveis de realizar. Deus nunca nos pede algo que não podemos realizar com Sua graça.

Segundo Chiara, a vida nos oferece duas direções: fazer a nossa vontade ou fazer a vontade de Deus. A primeira opção, que logo vai ser decepcionante, é como escalar a montanha da vida só com as nossas ideias limitadas, com os poucos meios que temos, com os nossos pobres sonhos, contando só com as nossas forças. A partir daí, mais tarde ou mais cedo, vai chegar a experiência da rotina de uma existência cheia de tédio, de mediocridade, de pessimismo e, às vezes, até de desespero. Uma vida monótona, apesar do nosso esforço por torná-la interessante, que nunca chegará a satisfazer o nosso íntimo mais profundo. A segunda possibilidade é quando também nós repetimos com Jesus: «Não se faça a minha vontade, mas a Tua» (Lc 22, 42).

Para compreendermos isso melhor, podemos comparar Deus a um sol. Deste sol partem muitos raios que se projetam sobre cada um de nós. E esses raios representam a vontade de Deus. Durante a vida, somos chamados a caminhar em direção a esse “sol”, seguindo a luz do raio, que nos é próprio, diferente e distinto de todos os outros. E podemos realizar o projeto maravilhoso, pessoal, que Deus tem para cada um de nós: a vontade d'Ele. Se assim o fizermos, vamos nos sentir envolvidos numa divina aventura, nunca antes imaginada.

Seremos, ao mesmo tempo, atores e espectadores de coisas grandiosas que Deus realizará em nós e, através de nós, na humanidade. Tudo o que vier a acontecer-nos, como os sofrimentos e as alegrias, graças e desgraças, fatos importantes ou insignificantes, tudo vai adquirir um significado novo, porque nos é oferecido pela mão de Deus, que é Amor. Tudo o que Ele quer, ou permite, é para o nosso bem. Se acreditamos nisso apenas com a fé, veremos depois, com os olhos da alma, que existe um fio de ouro a ligar acontecimentos e coisas, a compor um magnífico bordado: é o projeto de Deus para cada um de nós.

Pode ser que diante disso você se decida sinceramente a dar um sentido mais profundo à sua vida. Então comece agora a fazer a vontade de Deus, pois, se pensarmos bem: o passado já não existe e não podemos voltar a tê-lo. Só nos resta colocá-lo na misericórdia de Deus. O futuro ainda não chegou. Havemos de vivê-lo quando se tornar atual. E em nossas mãos só temos o momento presente. É nele que devemos optar por fazer a vontade de Deus. Como? Escutando aquela suave voz que nos fala ao coração... Lembrando que Deus não nos pede algo irrealizável. Estaremos juntos!


Dijanira Silva
Missionária da Comunidade Canção Nova, em Fátima, Portugal Trabalha na Rádio CN FM 103.7

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

ARSENAL DE INFANTILIDADES


Arsenal de infantilidades

Trazemos um excesso de sentimentos infantis


'...enquanto o herdeiro é menor, em nada difere do escravo, ainda que seja senhor de tudo, mas está sob tutores e administradores, até o tempo determinado por seu pai. Assim também nós, quando menores, estávamos escravizados pelos rudimentos do mundo. Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei, a fim de remir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a sua adoção. A prova de que sois filhos é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! Portanto já não és escravo, mas filho. E, se és filho, então também herdeiro por Deus' (Gálatas 4; 1-7).

Essa palavra é muito concreta e humana, inicialmente podemos achar um absurdo assemelhar uma criança ao escravo. É simples porque uma criança não é capaz de fazer a separação das coisas. A criança é egoísta e o egoísta é aquele que se ocupa do seu mundo, para ele o outro é uma extensão da sua necessidade. As crianças são escravas de suas necessidades.

A maturidade de uma criança acontece à medida que ela vai crescendo. Uma criança é escrava porque ela não sabe a razão da regra, mas se submete a ela. Quando ela cresce e obedece a regra porque a compreende, ela deixa de ser escrava. Quantos jogos construtivos, que educam a criança para compreensão de regra, são jogos simples de encaixe, entre outros, não videogames nos quais, muitas vezes, a regra é matar.

O desconhecido nos escraviza. Tudo aquilo que você desconhece se torna soberano sobre você e muitas vezes você teme uma pessoa desconhecida, e aí está a infantilidade. Nós também trazemos as infantilidades nos nossos afetos, insistimos em trazer em nós um arsenal de sentimentos infantis, egoístas, só pensamos em nós e em nossas necessidades. A birra é o excesso da criança, excesso da infantilidade, pois nela a criança se sente fracassada por não conseguir seu objetivo. Quando somos afetivamente infantis, nos transformamos em verdadeiros monstros. Se você não disciplina uma criança, o seu destino não será diferente. Ensine-a a lidar com as impossibilidades.

Quantos adultos não têm coragem de dar opinião, não se manifestam, porque são infantis, são escravos de seus medos, isso é mesma coisa de birra, pos não sabem lidar com os limites.
Abandonemos as nossas birras que se manifestam na nossa cara feia, nas nossas respostas ríspidas, entre outras... Só não nos jogamos no chão porque não temos coragem.

Quantos adultos com medo de quarto escuro. Eu pergunto: Qual o mal de um quarto escuro? Mas quantas vezes fomos trancados nos quartos e disseram que lá dentro tinha um monstro? Uma criança não tem inteligência suficiente para saber que ali não há um bicho, porque a referência que ela tem é o adulto.

Como você pode curar seu medo de quarto escuro? Traga à sua razão o que o faz sentir medo. Entre no quarto escuro e diga: ‘Este quarto não pode me fazer mal’. Você hoje é adulto, maduro, olhe para as fases da sua vida que precisam ser curadas, olhe para você criança, você adolescente. Permita que Deus resgate a sua alma ferida. Muitas vezes é preciso voltar no tempo e se reconciliar com você mesmo.

Nenhum perdão será concreto se antes você não se perdoar; nenhum olhar será profundo se você não se olhar.

O que pode nos destruir na vida não é o que os outros fazem para nós, mas o que permitimos que outros façam de nós. O maior consolo que você precisa não é o dos outros, é de você mesmo. Não adianta o outro deixar você livre, se você se sentir escravo.
Deus é especialista em curar corações machucados. Pare de lamentar o que você não teve. Seja como o rio, que quando alguém coloca alguma barreira nele, ele não deixa de crescer, mas fica mais profundo.

Deus ainda prefere os miseráveis. Deus olha para você, e no momento da sua birra, Ele se encontra com você.


Padre Fábio de Melo
Padre Fábio de Melo é professor no curso de teologia, cantor, compositor, escritor e apresentador do programa "Direção espiritual" na TV Canção Nova.

Disponível em: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=11275



UMA NOVA CHANCE


Uma nova chance
Não deixe morrer a esperança que está dentro de você.
É final de mais um ano! As luzes, as cores e um misto de despedidas e expectativas fazem esta época ser diferente de todas.

Trocamos presentes, nos confraternizamos, fazemos planos, balanços, viajamos; mas não é só isso. O encanto deste tempo também desperta nossos sonhos e nos enche de esperança. É um momento favorável para contemplarmos o que vivemos, celebrarmos as vitórias e alimentarmos a expectativa feliz à espera das coisas boas que podemos realizar no ano que vem.

Revendo nossa agenda, companheira de todos os dias, percebemos que tudo o que vivemos foi construtivo, mesmo os momentos difíceis. Quanto aos acertos, buscamos formas de torná-los mais freqüentes; nos erros, descobrimos as lições que eles sempre nos trazem. Sendo assim, analisar os acontecimentos é um passo importante que não pode parar em si mesmo, deve nos encorajar a lutar por aquilo que acreditamos, alimentar nossos sonhos e favorecer a realização. Sem planos e perspectivas, corremos o sério risco de parar no que já se foi e viver saudosos das vitórias, ou amargurados pelas derrotas. Coragem!

Esta é a proposta que lhe faço hoje: Não deixe morrer seus sonhos, não pare de lutar. O que não deu certo, este ano, pode dar no ano que começa. Não deixe morrer a esperança que está dentro de você, talvez sufocada por algum fracasso. Acredite, você está vivo! O novo ano é sempre restaurador; é Deus nos dando uma nova chance para recomeçarmos. Existe uma esperança no ar e eu a anuncio: “O Verbo Divino se fez carne e está entre nós...”. Já não estamos sozinhos, temos Deus conosco. O clima de mudanças é favorável, façamos bom proveito dele!

Muitas vezes, o que precisa mudar não são as pessoas nem mesmo as situações que consideramos difíceis, mas nossa maneira de lidar com elas. Esses dias, recebi de uma amiga seu depoimento que reforça o que digo. Ela escreveu assim:

“...Confesso que tenho lutado com mais afinco para viver bem o momento presente, aprendi este segredo e partilho com você. Hoje, não paro nas preocupações e me poupo do sofrimento de pensar no futuro, pois ele não depende de mim.

Já sofri demais, chorei demais, mas agora eu sei, preciso estar somente com Jesus. É difícil explicar com palavras, mas espero que me entenda... Sinto como se fosse um bálsamo sustentando e evolvendo meu coração, ajudando-me a ser melhor e fazendo-me permanecer firme. Este bálsamo é a presença de Deus que não me deixa desanimar.

Poderia estar queixando-me de tantas coisas, mas para que, se tem tanta gente sofrendo mais do que eu? Sofrendo a dor de não ter esperança, pois não conhece Deus. Sofrendo por ser escravo do pecado ou, simplesmente, porque se acostumou a sofrer.

Deus tem sempre o melhor para cada um de nós. Foi o que Ele me disse durante esta semana num momento de oração. Eu quero acreditar nisso e na essência do meu nada encontrar meu tudo. Eu quero recomeçar!”

Eu também quero recomeçar. E você? Acredito que já temos uma excelente dica para iniciarmos o ano de um jeito novo e planejar viver assim a cada dia. Talvez, esse seja o caminho para a felicidade tão desejada.

Tirarmos os olhos do negativo e contemplarmos a beleza que está ao nosso alcance, agradecermos pelo que temos recebido e reconhecer que somos amados e cuidados por Deus, sairmos de nós mesmos e tentarmos amenizar a dor de quem sofre mais que nós, partilhar o que temos e somos fazendo valer nossa fé que se traduz em obras. Certamente, são metas que colaboram para que, de fato, tenhamos Boas Festas e Feliz Ano Novo! Ou ainda, boa vida e feliz Mundo Novo a partir do princípio de que o mundo muda quando nós mudamos.

Temos uma nova chance. “Passou o que era velho, eis que tudo se faz novo!” (II Coríntios 5,17). Em 2009, continuamos juntos!
Dijanira Silva
Missionária da Comunidade Canção Nova, em Fátima, Portugal Trabalha na Rádio CN FM 103.7

VOCÊ ACREDITA EM MILAGRES?


Você acredita em milagres?
Os milagres não se destinam a satisfazer a curiosidade

Suponhamos que haja alguém doente, e essa doença esteja atrapalhando sua caminhada. O Senhor, que ama essa pessoa e quer tirá-la dessa situação dolorosa, usa de alguém repleto do Espírito Santo: quem cura não é a pessoa em quem o Espírito se manifesta, mas o próprio Espírito, por meio dela [pessoa]. Alguém desorientado precisa da condução de Deus. O Senhor ama essa pessoa, quer vir em seu auxílio, então se manifesta em alguém repleto do Divino Amigo, para comunicar a palavra de sabedoria, de discernimento, para resolver a situação de ansiedade.

A eletricidade, por exemplo, se manifesta de diversas maneiras, gerando luz, som, calo, gelo... Mas ela não anda sozinha por aí; são necessários fios condutores. Se desligarmos a tomada, acabará a energia elétrica. Acontece o mesmo com o Espírito Santo, que se utiliza de uma rede de pessoas repletas d'Ele, que manifestam os dons: ora é uma palavra de sabedoria, ora de profecia; ora é uma cura; ora é um milagre; ora é discernimento; ora é ciência.... de acordo com a vontade do Senhor e a necessidade do povo d'Ele.

Nunca estive nos Estados Unidos. Por isso, não posso provar o que passo a relatar. Contudo, pelas inúmeras fotos que me foram apresentadas, algo de estranho realmente aconteceu em Santa Fé, no Estado do Novo México, há aproximadamente 130 anos, por volta de 1880. Aliás, se 250.000 pessoas visitam o local todos os anos, não será por nada!

Vamos aos fatos. Naquela cidade, há um colégio dirigido por religiosas. No final do século XIX, elas quiseram enriquecer seu educandário com uma nova e bonita capela. Mas, ao terminarem os trabalhos da construção, perceberam que havia sido esquecido... um detalhe: para chegar ao coro, colocado no alto da porta principal da igreja, os cantores não sabiam por onde subir, já que ninguém pensara na escada!

E agora, o que fazer para não prejudicar a arte e o estilo da capela? Para não cometer uma nova gafe, as religiosas, muito devotas, pensaram, antes de tudo, em rezar. Fizeram uma novena a São José, já que o Evangelho o apresenta como carpinteiro. No último dia, um desconhecido bateu à porta do convento. Dizendo-se entendido em marcenaria, prometeu resolver o problema. No final de uma semana, sem a ajuda de ninguém, ele entregou a escada, por todos considerada um prodígio da carpintaria e uma obra de arte. Desde logo, o fato suscitou inúmeras dúvidas e perguntas.

Primeiramente, ninguém sabe como a escada ficou e continua de pé até hoje, já que não dispõe de nenhum suporte central. Arquitetos, engenheiros e cientistas não entendem como se mantenha em equilíbrio. O construtor não usou pregos nem cola, mas cada pedaço de madeira está encaixado no outro. Por falar em madeira, não se sabe donde veio. Foram feitas inúmeras análises e não se descobriu nada parecido em toda a região. De sua parte, mal terminou a obra, o carpinteiro sumiu, sem deixar vestígios e sem esperar pelo pagamento. Por fim, um último “enigma”: a escada tem 33 degraus, a idade com que Cristo findou a sua jornada terrena.

Tantas coisas estranhas levaram as religiosas e o povo a pensar num milagre. O misterioso carpinteiro seria o próprio São José, que tivera compaixão das irmãs, não muito entendidas na arte da construção. Desde então, a escada passou a ser objeto de veneração, vista como um sinal do imenso amor com que Deus vem em socorro de seus filhos.

Mas não é apenas Santa Fé que se orgulha de apresentar fatos inexplicáveis. São centenas as cidades que alardeiam casos semelhantes – e não apenas dentro da Igreja Católica. Quem não ouviu falar dos milagres Eucarísticos de Lanciano ou do Pe. Cícero, para citar apenas dois exemplos? Pode ser que até mesmo na vida de alguns dos leitores aconteçam, ou tenham acontecido, coisas anormais – ou paranormais!

Mas, tais fatos, serão sempre milagres? E se o forem, por que acontecem? A esse respeito, o Catecismo da Igreja Católica tenta uma explicação: «Os milagres fortificam a fé naquele que realiza as obras de seu Pai; testemunham que Ele é o Filho de Deus. Não se destinam a satisfazer a curiosidade e os desejos mágicos. Ao libertar certas pessoas dos males terrestres da fome, da injustiça, da doença e da morte, Jesus operou sinais messiânicos; não veio, no entanto, para abolir todos os males da terra, mas para libertar os homens da mais grave das escravidões, a do pecado, que os entrava em sua vocação de filhos de Deus e causa todas as suas escravidões humanas».

Foi exatamente isso que Cristo quis ensinar ao atender pessoas em busca de milagres e prodígios. Sempre me impressionou um fato narrado pelo evangelista Mateus. Um grupo de amigos leva um paralítico a Jesus para que o cure. O Senhor, porém, “finge” não entender e oferece ao doente a liberdade e a paz, por meio do perdão dos pecados, coisa que ninguém havia pedido. Para Deus, a saúde física tem sentido se existe a saúde espiritual: «Para que se saiba que o Filho do Homem tem autoridade na terra para perdoar pecados – disse, então, ao paralítico –, levanta-te, toma a tua maca e vai para casa!» (Mt 9,6).

Os milagres visam sempre o amadurecimento na fé, o crescimento na santidade e a decisão de fazer da própria vida um serviço aos irmãos. Foi o que fez a sogra de Pedro: ao ser curada por Jesus, «ela se levantou e se pôs a servir» (Mc 1,31). Não se trata de milagres, ou seja, de intervenções divinas, se o que se tem em vista são apenas caprichos e vaidades. Aliás, mesmo que Deus atendesse a todos os pedidos que o homem lhe dirige, este nunca se sentiria saciado, teria sempre uma queixa a fazer e, na melhor das hipóteses, no final da vida – como diz o salmo 49 – «seria semelhante ao gado gordo pronto para o matadouro».

Se Jesus apresentou a sua morte e ressurreição como o maior sinal para quantos desejam acreditar n'Ele (Cf. Mt 12,40), converter-se, mudar de atitudes e ficar de pé nas tempestades da vida é sempre o grande milagre operado por Deus em quantos o buscam de coração sincero.
Dom Redovino Rizzardo, cs

O FIM DO CIÚME


O Fim do ciúme.

Como desenvolver os laços de confiança.
Um relacionamento não se constrói apenas com momentos de carinho, beijos e abraços, mas também de esforço e ajuda mútua para resolvermos os pequenos impasses pertinentes ao convívio. Quando nos dispomos a viver com outra pessoa uma experiência de vida comum, a dinâmica do convívio nos permite influenciar e ser influenciados em nossos comportamentos. Por não sermos perfeitos, certamente, muitos ajustes precisarão acontecer dentro da vida a dois. Entre algumas dessas necessidades está a ajuda para o controle do ciúme.
Há algum tempo, escrevi sobre o ciúme como o veneno dos relacionamentos. Continuando a partir dessa reflexão, podemos, também considerá-lo como um bolo de sentimentos, o qual, quase sempre, esconde situações que nos conduzem à atitude de medo, insegurança e, muitas vezes, de pavor ao nos imaginar sendo passados para trás por alguém. Com isso, reproduzimos, dentro do relacionamento, atitudes características de nossa baixa autoestima ou das más experiências vividas nos relacionamentos anteriores.

Percebemos que o ciúme é, de fato, algo que acontece. Entretanto, se não houver o esforço para a mudança, ele poderá se tornar ameaçador para os casais. O ciúme, quase sempre, tem origem no resultado daquilo que conjecturamos ao presenciar uma situação, que, em razão de nossas inseguranças, nos faz nos sentir ameaçados e, por conseguinte, passamos a desconfiar de tudo e de todos. Algumas vezes, uma atitude que poderia parecer inocente para alguém, pode não ser tão inocente para aquela pessoa que vive às voltas com suas inseguranças e ciúmes. Isso não faz bem para quem sente e, tampouco, para quem está ao seu lado; pois, como resultado disso, tem-se um convívio bastante tumultuado e com discussões constantes.

Antes que prejudiquemos, com atos tempestivos, o relacionamento tão almejado, precisamos nos abrir também para a ajuda. Além do auxílio de profissionais, quando for o caso, a pessoa mais indicada para cooperar nesse processo de cura é aquela que está ao nosso lado. Esta, por sua vez, ao perceber que o ciúme está corroendo seu cônjuge, precisa ajudá-lo naquilo que o faz vulnerável. Talvez, ser mais atento quanto às brincadeiras ou aos tipos de conversas que podem já não ser tão convenientes com os amigos em razão dos compromissos assumidos, ainda mais quando se conhece os efeitos que essas atitudes podem causar na pessoa que amamos. Corrigir ou mudar tais atos é uma atitude de zelo e de atenção às novas necessidades do convívio, como também resposta ao pedido de socorro de quem sofre tais crises.

Precisamos nos sentir livres em nossos relacionamentos e não será exercendo o domínio de posse ou colocando a pessoa amada numa redoma que estaremos expulsando o ciúme ou garantindo a fidelidade que desejamos. O desenvolvimento dos laços de confiança entre os casais traz o amadurecimento para o convívio e tende a neutralizar as forças do ciúme. Vencer essas primeiras dificuldades é um ato de paciência e demonstra o zelo e o cuidado com quem amamos. As inseguranças se dissipam quando o casal aprende a reafirmar, a cada dia, seus propósitos com o outro, independentemente das crises que, normalmente, surgem ao longo da convivência.

Um abraço. Sejamos pacientes um com o outro.
Dado Moura
Trabalha atualmente na Fundação João Paulo II para o portal Canção Nova, como articulista. Para ouvir comentários de outros artigos, acesse: podcast Relacionamentos