quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

ESPIRITUALIDADE DO PJOTEIRO

O artigo de hoje quer tratar de sete lembranças para a espiritualidade de um jovem pejoteiro. É baseada numa tradição antiga da Igreja chamada de celebração das sete palavras de Jesus na cruz. O que estas palavras inspiram na vida pejoteira e na missão de tantos jovens envolvidos na causa de Jesus e do Reino de Deus? Eu acredito que muito. Então, vamos a elas.
"Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem"

Pejoteiro é o jovem que ama e perdoa. Perdoar é o ato supremo da doação. No alto do próprio sofrimento, Jesus é capaz de olhar as fragilidades do ser humano e mesmo assim pedir a Deus que perdoe aqueles que o afligem.

No percurso da caminhada pejoteira há muita pedra de tropeço, muita gente que parece que está lá para nos atrapalhar. O senso comum pede que nos afastemos e não queiramos o bem delas. Mas o pejoteiro busca os seus princípios de ação nas palavras do Pai Nosso. "Perdoai-nos, assim como perdoamos", diz a oração.

Pejoteiro sabe das próprias limitações e procura supera-las. É um jovem que aprendeu a se aceitar e com isso tem mais possibilidades de aceitar e amar o outro também em suas fragilidades e limitações. É um amor que corrige, perdoa e transforma.

"Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso".

Pejoteiro é jovem de esperança. Conhece aquela história do “confie em Deus, mas confie em você também”? Hoje o que se ouve mais é o “confie em você”, do que o “confie em Deus”. Apesar das próprias limitações, o jovem da PJ não se esquece deste pedido. “Lembra-te de mim”, como disse o “bom ladrão” é acrescido de tantas outras lembranças. “Lembra-te de fulano, de cicrano e de beltrano também”.

A resposta de Jesus é clara. “Hoje mesmo”. Não é amanhã ou depois. O Reino de Deus acontece no agora, para aqueles que confiam. A esperança pejoteira é uma esperança atuante e militante. As pequenas manifestações do Reino que acontecem no nosso cotidiano devem ser celebradas, como antecipação do grande evento que estamos esperando e construindo.

Por fim, há um detalhe nesta passagem que é muito importante. Não é para o Jesus glorioso, espiritual que o pedido do “lembra-te de mim” é feito, mas para um Jesus quase desfigurado, tremendamente humilhado e fracassado. Isto deve dizer alguma coisa para nós.

"Mulher, eis aí o teu filho. Filho eis aí a tua Mãe!"

Pejoteiro é jovem que é companheiro de Jesus, mesmo na adversidade da vida. Que dá o seu sim ao projeto como fez Maria. Há quem diga que historicamente não seria possível deixar que parentes ou outros se aproximassem do crucificado. Além do sofrimento físico a solidão acabava por ser uma humilhação social. Contudo, independente da veracidade histórica, eu acho muito bonita a imagem de Maria e João, além das outras mulheres, ao pé da Cruz em diálogo com Jesus.

Há momentos em que nos sentimos abandonados ou largados à própria sorte, seja na vida pessoal, profissional ou pastoral. Pejoteiro legítimo não abandona a amizade com Jesus. Toma para si seu exemplo de vida e continua a viver, apesar das cruzes que vão sendo carregadas pelo caminho.

E toma também Maria como mãe e mestra de vida. Dá um sim ao projeto de Deus. Pejoteiro dá o seu sim em cada atividade que realiza, testemunhando a Boa Nova em cada ação que pratica.

"Tenho Sede!"

Pejoteiro não se desliga das necessidades humanas quando quer se encontrar com o sagrado. No limite das suas forças, sabendo que tudo o que havia feito culminava naquele momento, ainda assim mostrava que era uma pessoa com as mesmas necessidades que nós.

Há quem acredite que para se ter uma ligação com o lado espiritual da nossa existência é necessário abrir mão de toda nossa corporeidade e necessidades humanas. Pejoteiro não acredita nisso, pelo contrário. Acredita que é com o nosso ser completo que nos encontramos com Deus e contribuímos para o seu Reino junto a toda humanidade.

E esse ser completo é cheio de beleza, mas também tem suas limitações. São as nossas incompletudes que nos convocam a melhorar. E é cada uma de nossas características, deficiências, sonhos e necessidades que colocamos na mesa à disposição do Reino de Deus.

"Eli, Eli, lema sabachtani? - Meus Deus, meus Deus, por que me abandonastes?"

Pejoteiro é o jovem que procura encontrar a presença de Deus no cotidiano. Nos tropeços e pedras da vida, nas horas de angústia e solidão, quem não gostaria de um afago, um ombro amigo e uma presença de conforto? Há quem viva procurando sinais miraculosos de Deus em sua vida e nunca encontra aquilo que procura.

Pejoteiros enxergam os milagres da vida nas pequenas coisas que a vida oferece. Deus não abandona a humanidade. São as pessoas que não enxergam a presença de Deus. Em momentos de dor e sofrimento é difícil racionalizarmos desta maneira. A natureza humana de Jesus padecia e Ele gritou pela presença de Deus. Quantas vezes nós também gritamos a mesma coisa, porém sem qualquer convicção de que Deus nos escuta?

A espiritualidade pejoteira é firmada no cotidiano, nas dificuldades e alegrias cotidianas. Cultivada no dia a dia, aprendemos que Deus se manifesta na presença do outro, no afago, no ombro amigo e na presença de conforto, como também na crítica que faz pensar, no confronto de ideias e nas disparidades que a vida apronta também.

"Tudo está consumado!"

Jovem pejoteiro é aquele que contribui para o projeto de Jesus. E quando esta contribuição está consumada? Enquanto há vida, há ainda o que se fazer.

Jesus não ficou na cruz. Foi sepultado, mas continua vivo. Sua proposta arde em nossos corações nos impulsionando a continuá-la em nossas vidas. Não é possível pensar numa aposentadoria espiritual. A cruz é sinal de que há muito por se fazer e este muito deve ser levado até o fim, até as últimas consequências.

"Pai, em tuas mãos entrego o meu Espírito!"

Pejoteiro é o jovem que se deixa guiar pela vontade de Deus. Quando olhamos para o Calvário, não há como não refletir no gesto forte de levar a missão ao fim. Muitos de nós olham para Jesus e se perguntam se somos capazes de agir como Ele.

Por nossa vontade, não é possível agir assim. Só é fiel a proposta do Reino quem se deixa levar por ela. Pai, em tuas mãos eu entrego meu espírito, meu coração, minhas mãos, meus pés, meu abraço, meus pensamentos e minha vida como um todo.

Fonte: pjotando.blogspot.com

ASSESSORIA

Quando falamos nos diversos aspectos da Pastoral da Juventude, um dos que mais me fascinam e me agradam conversar é sobre assessoria. Venho aprendendo muito sobre o assunto, partilhando aspectos deste ministério com outros assessores mais experientes e colhendo relatos dos assessores mais novos. Os grupos de jovens e a PJ como um todo só tem a ganhar se investirem mais na formação e no acompanhamento destas pessoas. Há muito o que se escrever sobre a assessoria. Por ora, ficamos somente com as duas questões abaixo.

34.    Assessor e coordenador. Qual a diferença?

Muita gente sabe que não é a mesma coisa ser assessor e ser coordenador, mas já vi, na prática, muita confusão acontecer, além de algumas falhas clássicas. Por exemplo:

  • O assessor cria, o coordenador executa.
  • Depois que terminar o período de coordenação, eu viro assessor.
  • Em reuniões o assessor fala mais que o coordenador.
  • Após um tempo de caminhada comum, não se vê melhoras na maneira de coordenar.
Ter um assessor no grupo resolve todos os problemas, então? Não resolve tudo, não. Mas ajuda muito, principalmente se os papéis estiverem bem definidos. O assessor é aquele que senta junto, acompanha, auxilia, dá dicas ao coordenador e ao grupo, porque, afinal de contas, tem mais experiência pastoral que eles. Contudo, não decide nada, mas tem (e sabe disso) condições de influenciar decisões.

Quando eu aprendi o que era ser assessor, foi-me apresentada a figura de São João Batista que anunciou a vinda de alguém muito mais importante que ele. “É importante que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30). O assessor é capaz de dar lugar ao jovem, para que ele cresça no seu protagonismo.

Por isto, não é possível entender o coordenador como mero executor das tarefas ditadas pelo assessor. Pela experiência que tem, há momentos em que o assessor deve deixar a coordenação “errar” para poder aprender com o ocorrido. A avaliação, conforme já foi dito aqui, é fundamental para o crescimento do grupo. E com o tempo, há de se perceber melhoras na maneira de coordenar um grupo, porque o assessor, pontualmente e fraternalmente vai indicando onde se pode melhorar.

Por fim, há de se entender também que a assessoria é vocação. Nem todo mundo serve como assessor, porque não tem as características pessoais de um assessor. Ou seja, assessoria não é promoção para coordenador “desempregado” ou “aposentado”. Não existe plano de carreira pastoral. Como dizia um amigo, “uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”. Sobre as características de um assessor, vejam a pergunta 36.

35.    Quando se deve buscar assessoria especializada?

São dois os tipos de assessoria, basicamente: o assessor contínuo (ou direto, ou pedagógico) e o assessor perito (ou especialista). O contínuo é aquele que está sempre no grupo, que acompanha os jovens pessoalmente e sabe ser um interlocutor entre as instâncias pastorais. O perito é aquele que é o especialista em um determinado assunto e é convidado pelo grupo ou organização para dar assessoria sobre um ponto específico. A presença deste na vida do grupo é mais rara.

Para responder esta pergunta, há de se entender quais são as vantagens e desvantagens do assessor perito:
  • Vantagens - por ser de fora, vislumbra melhor certos aspectos que o grupo não enxerga; por ser um especialista, tem mais estudo acumulado sobre o tema.
  • Desvantagens - ele não conhece a realidade local e pode dar uma contribuição deslocada; como é especialista em um determinado assunto há o perigo de não levar em consideração aspectos relevantes para o grupo (por exemplo, se ele vai fazer uma análise de realidade, ele pode se prender mais ao lado econômicos e deixar os âmbitos culturais e da juventude de fora...).
A forma de minimizar estas desvantagens é conversar antes com o assessor perito. Para que a contribuição a ser dada seja eficaz é preciso apresentar-lhe a realidade do grupo, que ponto específico estão tentando atingir e como a fala do perito ajudará neste processo. O perito não deve tomar conta do processo como um todo e, sim, enriquecê-lo.

O assessor direto pode ter uma atividade na qual é perito (enfermeiro, advogado, sociólogo, professor, programador), mas atua procurando adaptar sua especialidade às necessidades do grupo local. Esse é o caso da maioria dos assessores da PJ.

Fonte: pjotando.blogspot.com