quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O CHÁ DERRAMADO

O Chá Derramado



Certa vez um professor universitário, com fama de saber tudo, foi visitar um velho sábio. Queria testar os conhecimentos do ancião. O sábio acolheu muito bem o professor, escutando com paciência suas perguntas e questionamentos. Chegou a hora de servir o chá. Sempre sorrindo, o sábio começou a encher as xícaras. A do professor ficou bem cheia, mas o sábio continuou a despejar o chá, derramando-o na mesa. O professor pensou que o velho estivesse distraído ou mesmo tivesse algum problema na cabeça por ser tão descuidado, e disse em tom áspero:

- O senhor não está vendo que a taça está cheia e não cabe mais? O velho sábio, calmamente, respondeu:

- Assim como esta xícara está trasbordante de chá, o senhor está cheio da sua erudição, das suas opiniões, das suas hipóteses complexas. A minha sabedoria só pode ser compreendida pelos corações simples e abertos. Como eu posso comunicar-lhe um pouco desta sabedoria sem antes, o senhor, esvaziar a xícara da sua arrogância?

-Tenho a impressão que uma das nossas maiores dificuldades para dar ouvido à mensagem da fé, à boa notícia de Jesus, é ter a nossa cabeça e o nosso coração cheios de idéias, pré-conceitos, auto-suficiência e propaganda. O tempo do Advento deve servir para nos prepararmos para o Natal do Senhor. Contudo, se olharmos ao nosso redor, parece que isso já esteja acontecendo ou passando rapidamente, sem graça nenhuma, além dos chavões natalinos e de fim de ano. Entendo que o comércio vive e prospera com isso, porém cabe a nós saber distinguir o Natal de Jesus do que é aparência e correria das festas.

Não é por acaso que João Batista pregava “no deserto”, longe da cidade, do barulho, da preocupação de cumprir horários e honrar compromissos. Para entender um pouco o que está acontecendo na nossa vida, precisamos parar, calar e escutar. Se acharmos que está tudo certo, que não precisamos entender mais nada, ou nos questionar sobre nada, é porque confiamos demasiadamente no nosso saber, nas nossas interpretações, ou naquilo que nos é apresentado com enfeite e pisca-pisca. Provavelmente não estamos nem um pouco curiosos e, menos ainda, aguardando alguma coisa, de verdade e sinceramente.

Como sempre, Deus pede para entrar na nossa vida. Não o faz com chamadas publicitárias, colocando-se agressivamente de baixo dos nossos olhos e enchendo de zoada os nossos ouvidos. A sua vinda demorou muitos anos para acontecer. Muitos profetas a anunciaram. Muitos deviam estar preparados, atentos e ansiosos. Não foi bem assim que aconteceu. Naquele tempo também, tudo continuou na mesma confusão. Brigas de poder, enganos, mentiras, violências e medos.

Será que hoje não adianta mais insistir? Pode ser que sabidos, inteligentes e expertos como somos, achamos impossível, e até inconveniente, que Deus tenha se preocupado tanto com a nossa história para entrar no meio dela igual a nós - fraco e pequeno como nós. Com essas idéias nunca iremos entender o Natal. No máximo prepararemos os presentes e a geladeira cheia, quem puder, claro.

Ainda não paramos suficientemente para nos perguntar sobre o tamanho do acontecimento e sobre as suas razões. Ou o Natal é uma piedosa historinha para crianças, com camponeses, anjos, bois e burros, ou pode ser o maior evento da história humana. Aquele que o universo não pode conter, que está acima e, ao mesmo tempo, tão perto de todos nós, como nos lembra a Bíblia, e que decidiu partilhar a nossa natureza humana, para nos falar e nos ajudar. Pode ser uma luz na confusão da nossa existência, uma palavra de esperança para quem admite desconhecer o rumo da história do planeta e da sua vida. Contudo se nos acharmos já satisfeitos e fartos, o Natal de Jesus passará sem deixar rastos. Mais uma graça jogada fora, uma ocasião perdida.


Dom Pedro José Conti
Bispo de Macapá

Fonte: CNBB


Disponível em: http://www.revistamissoes.org.br/artigos_ler.php?ref=2638

AS EPÍSTOLAS BÍBLICAS.



As Epístolas Bíblicas
Os livros do gênero didático, também chamado epistolar, do novo Testamento são as epístolas. O vocábulo epístola é latino e significa carta.
As epístolas são, pois, as cartas escritas por alguns apóstolos às comunidades, às Igrejas recém-formadas e a seus dirigentes com a finalidade de aconselhar, orientar, doutrinar e instruir seus destinatários.
Isso acontecia por causa da expansão do Cristianismo na Palestina, na Ásia Menor, em alguns pontos da Grécia e para estabelecer comunicação com as Igrejas nascentes. Foram elas escritas em grego e muito utilizadas porque este gênero estava em voga entre os romanos daquela época.
Seus nomes são tirados dos próprios destinatários ou de seus autores. São, ao todo, vinte e uma cartas. Dessas, quatorze são de Paulo e as restantes, de Pedro, Tiago, João e Judas. São classificadas como universais e pastorais. Aquelas, assim chamadas porque dirigidas a um conjunto de Igrejas; estas, a uma comunidade ou a uma pessoa particular. Todas, porém, com um objetivo comum: a comunicação, a doutrinação e a orientação.
Dos ensinamentos das epístolas, bastante numerosos, ressalta-se um de suma importância por causa de sua aparente discordância. Ele se encontra em Paulo e Tiago. Seu tema é a justificação. Paulo diz que “O homem é justificado pela fé sem as obras da Lei” (Rm 3, 27), e Tiago afirma que “A fé, se não tiver obras, está morta” (Tg 2, 14). Como conciliar estas aparentes contradições? É uma questão de hermenêutica.
Para se entender a afirmação de Paulo, tem-se que completá-la com suas outras epístolas, integrando-as numa síntese mais vasta. Dirigindo-se a outras Igrejas, o Apóstolo afirma: “Ainda que falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse caridade seria como o bronze que soa ou como o címbalo que tine” (1Cor 13,2). “... em Cristo Jesus, nem a circuncisão tem valor, nem a incircuncisão, mas a fé agindo pela caridade.” (Gal 5,6).
Uma interpretação muito simples leva a concluir que a fé de que fala Paulo é uma fé concreta, uma fé que age, uma fé que recebe da caridade o seu impulso e a sua forma. A fé de Paulo é, pois, uma fé atuante. E o que é isso se não obras? Então as obras, na doutrinas de Paulo, são também, necessárias à justificação.
São Tiago, tratando, em sua carta, da mesma doutrina, faz esta afirmação categórica: “Meus irmãos, se alguém disser que tem fé, mas não tem obras, que lhe aproveitará isso? Acaso a fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã não tiverem o que vestir e lhes faltar o necessário para a subsistência de cada dia, e alguém dentre vós lhes disser: “Ide em paz, aquecei-vos e saciai-vos”, e não lhes der o necessário para sua manutenção, que proveito haverá disso? Assim também a fé, se não tiver obras, está morta em seu isolamento” (Tg 2,14).
A fé de que fala Tiago é um simples assentimento da inteligência às verdades reveladas, ato puramente intelectual que, neste caso, sozinha, não garante a justificação. Daí a necessidade das obras. Não basta somente crer. É necessário demonstrar essa crença em nossa vida. São as obras.
Não há, portanto, discordância de ensinamentos entre Paulo e Tiago. Paulo fala de uma fé atuante, livre, sem estar presa à letra da lei. Se ela é atuante, ela age.
Quando Tiago afirma que, sem obras, não há justificação, ele se refere ao crente puramente intelectual, aquele que se deleita somente em aceitar as verdades reveladas, mas não as põe em prática na sua vida. Por isso ele dá logo os exemplos.
A doutrina da justificação encontra suporte nos ensinamentos de Jesus Cristo quando Ele atribui a justificação a uma fé atuante: “Pois o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com seus anjos, e então retribuíra a cada um de acordo com seu comportamento” (Mt 16,27). “Vinde, Benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo, pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me recolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-me” (Mt 25,34).
O advento é tempo propício para uma reflexão sobre nossa fé: ela é atuante, movida pela caridade, pela justiça ou, simplesmente, um ente de razão? Se ela for atuante, a justificação é certa. Se for racional, a justificação só será alcançada mediante as obras, coincidindo, assim, com a doutrina do apóstolo Paulo.
José Cajuaz Filho.
José Cajuaz Filho, professor de Língua Portuguesa e Latina da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET). Especialista em Tecnologia Educacional pela Faculdade de Filosofia de Fortaleza (FAFIFOR). Membro da Academia Cearense de Língua Portuguesa.


Fonte: José Cajuaz Filho / Revista Missões

A ATITUDE DO BEM.


A atitude do bem

Ser humilde é a principal característica de quem entendeu o Amor

Estamos sempre à espera que o semelhante nos faça somente o bem. Em todos os lugares, em várias circunstâncias, ao depararmos com outras pessoas, esperamos uma boa recepção, a aprovação social, o melhor lugar, etc. Muitas vezes, até de familiares e amigos mais próximos, gestamos a expectativa de adquirir sua melhor acolhida, o que nem sempre acontece.

Há no ser humano uma inclinação em querer o melhor para si. E nos sentimos injustiçados ou inocentes quando isso não acontece. Esquecemos, por um momento, que também a outra pessoa deseja e pode estar disposta a lutar, se for preciso, por um lugar privilegiado. Também os apóstolos discutiam quem entre eles seria o maior.

Desculpamo-nos muitas vezes por não fazermos o bem, por não sermos correspondidos favoravelmente num contato, devolvendo ao indiferente ou aquele que nos agride uma atitude recíproca a que ele nos dispensou. Talvez o pecado original seja o principal responsável por tais atitudes em nós.

O lado humano e as primeiras impressões de justiça e amor-próprio gritam dentro de nós. Também a tentação de nos comparar, na situação, uns com os outros, justificaria a sensação de injustiça. "Porque ele pode e eu não?" Por mínima que seja a atitude de desaprovação, já imaginamos: "O que fiz para essa pessoa?" ou então: "Que falta de consideração!", ou ainda: "Nem me notou!" Pensamentos assim nos detêm na capacidade de responder diferente.

A consciência e a vontade de querer ir além das mazelas humanas devem ser maiores. O que levou o outro a querer o melhor só para si esquecendo-se da fadiga e do cansaço alheio? Com certeza se descobríssemos seus infortúnios vida afora, ainda que menores que os de outros, veríamos sua atitude de forma diferente, olharíamos com piedade e entenderíamos seus limites. Por incrível que pareça, se quisermos a consideração das pessoas, ou melhor, para revertermos qualquer situação difícil em algo favorável, devemos deixar exalar do nosso interior o bem que queremos receber dos outros.

O bem que aprendemos dos que nos amam incondicionalmente é o que muda e converte o coração dos que nos são indiferentes. Como alguém pode aprender a amar se não há quem o ensine e lhe dê exemplo? A resposta na mesma moeda não tem valor quando se trata da conquista de um coração!

Supere você as expectativas do outro. É Nosso Senhor Jesus Cristo que nos ensina a agir acima da simples sombra da justiça humana e a pensar segundo a misericórdia divina. "Até os pecadores prestam ajuda aos pecadores, para receberem o equivalente. Amai vossos inimigos, fazei o bem e prestai ajuda sem esperar coisa alguma em troca" (Lc 6, 34-35).

Não ter uma imagem elevada de si mesmo e nunca contar com a total atenção e serviço de todos alimenta a humildade. Ser humilde é a principal característica de quem entendeu o Amor, e o Amor esvaziou-se de si e se entregou a cada um de nós. Sigamos o exemplo d'Ele para encontrar a felicidade eterna. Amar e ensinar a amar, essa é a nossa vocação! Deus o abençoe.

Sandro Ap. Arquejada - Missionário da Canção Nova

COMO DISTINGUIR A VONTADE DE DEUS NA MINHA?


Como distinguir a vontade de Deus na minha?

O Senhor nunca nos pede algo que não podemos realizar com Sua graça

Corresponder aos desígnios de Deus é sempre um desejo do coração daqueles que, de alguma forma, já experimentaram Seu amor. É por isso que frequentemente ouvimos alguém dizer: “Eu gostaria de saber qual é a vontade de Deus para minha vida”.
Estes dias um jovem abriu o coração comigo, falando de seus sonhos, medos, lutas e conquistas. Ele parecia não estar satisfeito, nem demonstrava entusiasmo diante das últimas realizações. Havia uma sombra de tristeza e apreensão em seu olhar, o que me levou a lhe perguntar: “O que está lhe faltando agora?” Ele prontamente respondeu: “Eu quero distinguir a vontade de Deus da minha”. Por providência, eu tinha acabado de ler alguns escritos de Chiara Lubich falando sobre isso, então, transmiti-lhe algumas palavras de incentivo. Depois continuei pensando no assunto.
Sei que aquele jovem não é uma exceção. Na verdade, descobrir a vontade de Deus é um anseio comum entre nós. Pois sabemos que estar na vontade de Deus é caminho certo para a felicidade, e ser feliz é tudo que o ser humano mais almeja neste mundo.

Chiara Lubich, fundadora dos focolares, afirma que não é difícil saber qual é a vontade de Deus e nos indica o caminho:

“É preciso ouvirmos bem dentro de nós uma voz delicada, que muitas vezes sufocamos, e que se torna quase imperceptível. Mas, se a ouvirmos bem: é a voz de Deus. Ela diz-nos que aquele é o momento de ir estudar, ou de ajudar quem tem necessidade, ou de trabalhar, ou de vencer uma tentação, ou de cumprir um dever de cristão ou de cidadão. Convida-nos a dar atenção a alguém que nos fala em nome de Deus, ou a enfrentar com coragem situações difíceis. Temos que a ouvir. Não façamos calar essa voz, ela é o tesouro mais precioso que possuímos. Sigamo-la!”

Depois dessa descoberta, temos uma segunda etapa que também é muito importante: Ter a coragem de assumir a vontade de Deus fazendo dela o nosso projeto de vida! A condição para isso é dar os passos exigidos a cada instante. Por vezes, são coisas bem simples no início, e ao longo da caminhada surgem exigências maiores, que aliás são sempre possíveis de realizar. Deus nunca nos pede algo que não podemos realizar com Sua graça.

Segundo Chiara, a vida nos oferece duas direções: fazer a nossa vontade ou fazer a vontade de Deus. A primeira opção, que logo vai ser decepcionante, é como escalar a montanha da vida só com as nossas ideias limitadas, com os poucos meios que temos, com os nossos pobres sonhos, contando só com as nossas forças. A partir daí, mais tarde ou mais cedo, vai chegar a experiência da rotina de uma existência cheia de tédio, de mediocridade, de pessimismo e, às vezes, até de desespero. Uma vida monótona, apesar do nosso esforço por torná-la interessante, que nunca chegará a satisfazer o nosso íntimo mais profundo. A segunda possibilidade é quando também nós repetimos com Jesus: «Não se faça a minha vontade, mas a Tua» (Lc 22, 42).

Para compreendermos isso melhor, podemos comparar Deus a um sol. Deste sol partem muitos raios que se projetam sobre cada um de nós. E esses raios representam a vontade de Deus. Durante a vida, somos chamados a caminhar em direção a esse “sol”, seguindo a luz do raio, que nos é próprio, diferente e distinto de todos os outros. E podemos realizar o projeto maravilhoso, pessoal, que Deus tem para cada um de nós: a vontade d'Ele. Se assim o fizermos, vamos nos sentir envolvidos numa divina aventura, nunca antes imaginada.

Seremos, ao mesmo tempo, atores e espectadores de coisas grandiosas que Deus realizará em nós e, através de nós, na humanidade. Tudo o que vier a acontecer-nos, como os sofrimentos e as alegrias, graças e desgraças, fatos importantes ou insignificantes, tudo vai adquirir um significado novo, porque nos é oferecido pela mão de Deus, que é Amor. Tudo o que Ele quer, ou permite, é para o nosso bem. Se acreditamos nisso apenas com a fé, veremos depois, com os olhos da alma, que existe um fio de ouro a ligar acontecimentos e coisas, a compor um magnífico bordado: é o projeto de Deus para cada um de nós.

Pode ser que diante disso você se decida sinceramente a dar um sentido mais profundo à sua vida. Então comece agora a fazer a vontade de Deus, pois, se pensarmos bem: o passado já não existe e não podemos voltar a tê-lo. Só nos resta colocá-lo na misericórdia de Deus. O futuro ainda não chegou. Havemos de vivê-lo quando se tornar atual. E em nossas mãos só temos o momento presente. É nele que devemos optar por fazer a vontade de Deus. Como? Escutando aquela suave voz que nos fala ao coração... Lembrando que Deus não nos pede algo irrealizável. Estaremos juntos!


Dijanira Silva
Missionária da Comunidade Canção Nova, em Fátima, Portugal Trabalha na Rádio CN FM 103.7

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

ARSENAL DE INFANTILIDADES


Arsenal de infantilidades

Trazemos um excesso de sentimentos infantis


'...enquanto o herdeiro é menor, em nada difere do escravo, ainda que seja senhor de tudo, mas está sob tutores e administradores, até o tempo determinado por seu pai. Assim também nós, quando menores, estávamos escravizados pelos rudimentos do mundo. Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei, a fim de remir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a sua adoção. A prova de que sois filhos é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! Portanto já não és escravo, mas filho. E, se és filho, então também herdeiro por Deus' (Gálatas 4; 1-7).

Essa palavra é muito concreta e humana, inicialmente podemos achar um absurdo assemelhar uma criança ao escravo. É simples porque uma criança não é capaz de fazer a separação das coisas. A criança é egoísta e o egoísta é aquele que se ocupa do seu mundo, para ele o outro é uma extensão da sua necessidade. As crianças são escravas de suas necessidades.

A maturidade de uma criança acontece à medida que ela vai crescendo. Uma criança é escrava porque ela não sabe a razão da regra, mas se submete a ela. Quando ela cresce e obedece a regra porque a compreende, ela deixa de ser escrava. Quantos jogos construtivos, que educam a criança para compreensão de regra, são jogos simples de encaixe, entre outros, não videogames nos quais, muitas vezes, a regra é matar.

O desconhecido nos escraviza. Tudo aquilo que você desconhece se torna soberano sobre você e muitas vezes você teme uma pessoa desconhecida, e aí está a infantilidade. Nós também trazemos as infantilidades nos nossos afetos, insistimos em trazer em nós um arsenal de sentimentos infantis, egoístas, só pensamos em nós e em nossas necessidades. A birra é o excesso da criança, excesso da infantilidade, pois nela a criança se sente fracassada por não conseguir seu objetivo. Quando somos afetivamente infantis, nos transformamos em verdadeiros monstros. Se você não disciplina uma criança, o seu destino não será diferente. Ensine-a a lidar com as impossibilidades.

Quantos adultos não têm coragem de dar opinião, não se manifestam, porque são infantis, são escravos de seus medos, isso é mesma coisa de birra, pos não sabem lidar com os limites.
Abandonemos as nossas birras que se manifestam na nossa cara feia, nas nossas respostas ríspidas, entre outras... Só não nos jogamos no chão porque não temos coragem.

Quantos adultos com medo de quarto escuro. Eu pergunto: Qual o mal de um quarto escuro? Mas quantas vezes fomos trancados nos quartos e disseram que lá dentro tinha um monstro? Uma criança não tem inteligência suficiente para saber que ali não há um bicho, porque a referência que ela tem é o adulto.

Como você pode curar seu medo de quarto escuro? Traga à sua razão o que o faz sentir medo. Entre no quarto escuro e diga: ‘Este quarto não pode me fazer mal’. Você hoje é adulto, maduro, olhe para as fases da sua vida que precisam ser curadas, olhe para você criança, você adolescente. Permita que Deus resgate a sua alma ferida. Muitas vezes é preciso voltar no tempo e se reconciliar com você mesmo.

Nenhum perdão será concreto se antes você não se perdoar; nenhum olhar será profundo se você não se olhar.

O que pode nos destruir na vida não é o que os outros fazem para nós, mas o que permitimos que outros façam de nós. O maior consolo que você precisa não é o dos outros, é de você mesmo. Não adianta o outro deixar você livre, se você se sentir escravo.
Deus é especialista em curar corações machucados. Pare de lamentar o que você não teve. Seja como o rio, que quando alguém coloca alguma barreira nele, ele não deixa de crescer, mas fica mais profundo.

Deus ainda prefere os miseráveis. Deus olha para você, e no momento da sua birra, Ele se encontra com você.


Padre Fábio de Melo
Padre Fábio de Melo é professor no curso de teologia, cantor, compositor, escritor e apresentador do programa "Direção espiritual" na TV Canção Nova.

Disponível em: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=11275



UMA NOVA CHANCE


Uma nova chance
Não deixe morrer a esperança que está dentro de você.
É final de mais um ano! As luzes, as cores e um misto de despedidas e expectativas fazem esta época ser diferente de todas.

Trocamos presentes, nos confraternizamos, fazemos planos, balanços, viajamos; mas não é só isso. O encanto deste tempo também desperta nossos sonhos e nos enche de esperança. É um momento favorável para contemplarmos o que vivemos, celebrarmos as vitórias e alimentarmos a expectativa feliz à espera das coisas boas que podemos realizar no ano que vem.

Revendo nossa agenda, companheira de todos os dias, percebemos que tudo o que vivemos foi construtivo, mesmo os momentos difíceis. Quanto aos acertos, buscamos formas de torná-los mais freqüentes; nos erros, descobrimos as lições que eles sempre nos trazem. Sendo assim, analisar os acontecimentos é um passo importante que não pode parar em si mesmo, deve nos encorajar a lutar por aquilo que acreditamos, alimentar nossos sonhos e favorecer a realização. Sem planos e perspectivas, corremos o sério risco de parar no que já se foi e viver saudosos das vitórias, ou amargurados pelas derrotas. Coragem!

Esta é a proposta que lhe faço hoje: Não deixe morrer seus sonhos, não pare de lutar. O que não deu certo, este ano, pode dar no ano que começa. Não deixe morrer a esperança que está dentro de você, talvez sufocada por algum fracasso. Acredite, você está vivo! O novo ano é sempre restaurador; é Deus nos dando uma nova chance para recomeçarmos. Existe uma esperança no ar e eu a anuncio: “O Verbo Divino se fez carne e está entre nós...”. Já não estamos sozinhos, temos Deus conosco. O clima de mudanças é favorável, façamos bom proveito dele!

Muitas vezes, o que precisa mudar não são as pessoas nem mesmo as situações que consideramos difíceis, mas nossa maneira de lidar com elas. Esses dias, recebi de uma amiga seu depoimento que reforça o que digo. Ela escreveu assim:

“...Confesso que tenho lutado com mais afinco para viver bem o momento presente, aprendi este segredo e partilho com você. Hoje, não paro nas preocupações e me poupo do sofrimento de pensar no futuro, pois ele não depende de mim.

Já sofri demais, chorei demais, mas agora eu sei, preciso estar somente com Jesus. É difícil explicar com palavras, mas espero que me entenda... Sinto como se fosse um bálsamo sustentando e evolvendo meu coração, ajudando-me a ser melhor e fazendo-me permanecer firme. Este bálsamo é a presença de Deus que não me deixa desanimar.

Poderia estar queixando-me de tantas coisas, mas para que, se tem tanta gente sofrendo mais do que eu? Sofrendo a dor de não ter esperança, pois não conhece Deus. Sofrendo por ser escravo do pecado ou, simplesmente, porque se acostumou a sofrer.

Deus tem sempre o melhor para cada um de nós. Foi o que Ele me disse durante esta semana num momento de oração. Eu quero acreditar nisso e na essência do meu nada encontrar meu tudo. Eu quero recomeçar!”

Eu também quero recomeçar. E você? Acredito que já temos uma excelente dica para iniciarmos o ano de um jeito novo e planejar viver assim a cada dia. Talvez, esse seja o caminho para a felicidade tão desejada.

Tirarmos os olhos do negativo e contemplarmos a beleza que está ao nosso alcance, agradecermos pelo que temos recebido e reconhecer que somos amados e cuidados por Deus, sairmos de nós mesmos e tentarmos amenizar a dor de quem sofre mais que nós, partilhar o que temos e somos fazendo valer nossa fé que se traduz em obras. Certamente, são metas que colaboram para que, de fato, tenhamos Boas Festas e Feliz Ano Novo! Ou ainda, boa vida e feliz Mundo Novo a partir do princípio de que o mundo muda quando nós mudamos.

Temos uma nova chance. “Passou o que era velho, eis que tudo se faz novo!” (II Coríntios 5,17). Em 2009, continuamos juntos!
Dijanira Silva
Missionária da Comunidade Canção Nova, em Fátima, Portugal Trabalha na Rádio CN FM 103.7

VOCÊ ACREDITA EM MILAGRES?


Você acredita em milagres?
Os milagres não se destinam a satisfazer a curiosidade

Suponhamos que haja alguém doente, e essa doença esteja atrapalhando sua caminhada. O Senhor, que ama essa pessoa e quer tirá-la dessa situação dolorosa, usa de alguém repleto do Espírito Santo: quem cura não é a pessoa em quem o Espírito se manifesta, mas o próprio Espírito, por meio dela [pessoa]. Alguém desorientado precisa da condução de Deus. O Senhor ama essa pessoa, quer vir em seu auxílio, então se manifesta em alguém repleto do Divino Amigo, para comunicar a palavra de sabedoria, de discernimento, para resolver a situação de ansiedade.

A eletricidade, por exemplo, se manifesta de diversas maneiras, gerando luz, som, calo, gelo... Mas ela não anda sozinha por aí; são necessários fios condutores. Se desligarmos a tomada, acabará a energia elétrica. Acontece o mesmo com o Espírito Santo, que se utiliza de uma rede de pessoas repletas d'Ele, que manifestam os dons: ora é uma palavra de sabedoria, ora de profecia; ora é uma cura; ora é um milagre; ora é discernimento; ora é ciência.... de acordo com a vontade do Senhor e a necessidade do povo d'Ele.

Nunca estive nos Estados Unidos. Por isso, não posso provar o que passo a relatar. Contudo, pelas inúmeras fotos que me foram apresentadas, algo de estranho realmente aconteceu em Santa Fé, no Estado do Novo México, há aproximadamente 130 anos, por volta de 1880. Aliás, se 250.000 pessoas visitam o local todos os anos, não será por nada!

Vamos aos fatos. Naquela cidade, há um colégio dirigido por religiosas. No final do século XIX, elas quiseram enriquecer seu educandário com uma nova e bonita capela. Mas, ao terminarem os trabalhos da construção, perceberam que havia sido esquecido... um detalhe: para chegar ao coro, colocado no alto da porta principal da igreja, os cantores não sabiam por onde subir, já que ninguém pensara na escada!

E agora, o que fazer para não prejudicar a arte e o estilo da capela? Para não cometer uma nova gafe, as religiosas, muito devotas, pensaram, antes de tudo, em rezar. Fizeram uma novena a São José, já que o Evangelho o apresenta como carpinteiro. No último dia, um desconhecido bateu à porta do convento. Dizendo-se entendido em marcenaria, prometeu resolver o problema. No final de uma semana, sem a ajuda de ninguém, ele entregou a escada, por todos considerada um prodígio da carpintaria e uma obra de arte. Desde logo, o fato suscitou inúmeras dúvidas e perguntas.

Primeiramente, ninguém sabe como a escada ficou e continua de pé até hoje, já que não dispõe de nenhum suporte central. Arquitetos, engenheiros e cientistas não entendem como se mantenha em equilíbrio. O construtor não usou pregos nem cola, mas cada pedaço de madeira está encaixado no outro. Por falar em madeira, não se sabe donde veio. Foram feitas inúmeras análises e não se descobriu nada parecido em toda a região. De sua parte, mal terminou a obra, o carpinteiro sumiu, sem deixar vestígios e sem esperar pelo pagamento. Por fim, um último “enigma”: a escada tem 33 degraus, a idade com que Cristo findou a sua jornada terrena.

Tantas coisas estranhas levaram as religiosas e o povo a pensar num milagre. O misterioso carpinteiro seria o próprio São José, que tivera compaixão das irmãs, não muito entendidas na arte da construção. Desde então, a escada passou a ser objeto de veneração, vista como um sinal do imenso amor com que Deus vem em socorro de seus filhos.

Mas não é apenas Santa Fé que se orgulha de apresentar fatos inexplicáveis. São centenas as cidades que alardeiam casos semelhantes – e não apenas dentro da Igreja Católica. Quem não ouviu falar dos milagres Eucarísticos de Lanciano ou do Pe. Cícero, para citar apenas dois exemplos? Pode ser que até mesmo na vida de alguns dos leitores aconteçam, ou tenham acontecido, coisas anormais – ou paranormais!

Mas, tais fatos, serão sempre milagres? E se o forem, por que acontecem? A esse respeito, o Catecismo da Igreja Católica tenta uma explicação: «Os milagres fortificam a fé naquele que realiza as obras de seu Pai; testemunham que Ele é o Filho de Deus. Não se destinam a satisfazer a curiosidade e os desejos mágicos. Ao libertar certas pessoas dos males terrestres da fome, da injustiça, da doença e da morte, Jesus operou sinais messiânicos; não veio, no entanto, para abolir todos os males da terra, mas para libertar os homens da mais grave das escravidões, a do pecado, que os entrava em sua vocação de filhos de Deus e causa todas as suas escravidões humanas».

Foi exatamente isso que Cristo quis ensinar ao atender pessoas em busca de milagres e prodígios. Sempre me impressionou um fato narrado pelo evangelista Mateus. Um grupo de amigos leva um paralítico a Jesus para que o cure. O Senhor, porém, “finge” não entender e oferece ao doente a liberdade e a paz, por meio do perdão dos pecados, coisa que ninguém havia pedido. Para Deus, a saúde física tem sentido se existe a saúde espiritual: «Para que se saiba que o Filho do Homem tem autoridade na terra para perdoar pecados – disse, então, ao paralítico –, levanta-te, toma a tua maca e vai para casa!» (Mt 9,6).

Os milagres visam sempre o amadurecimento na fé, o crescimento na santidade e a decisão de fazer da própria vida um serviço aos irmãos. Foi o que fez a sogra de Pedro: ao ser curada por Jesus, «ela se levantou e se pôs a servir» (Mc 1,31). Não se trata de milagres, ou seja, de intervenções divinas, se o que se tem em vista são apenas caprichos e vaidades. Aliás, mesmo que Deus atendesse a todos os pedidos que o homem lhe dirige, este nunca se sentiria saciado, teria sempre uma queixa a fazer e, na melhor das hipóteses, no final da vida – como diz o salmo 49 – «seria semelhante ao gado gordo pronto para o matadouro».

Se Jesus apresentou a sua morte e ressurreição como o maior sinal para quantos desejam acreditar n'Ele (Cf. Mt 12,40), converter-se, mudar de atitudes e ficar de pé nas tempestades da vida é sempre o grande milagre operado por Deus em quantos o buscam de coração sincero.
Dom Redovino Rizzardo, cs

O FIM DO CIÚME


O Fim do ciúme.

Como desenvolver os laços de confiança.
Um relacionamento não se constrói apenas com momentos de carinho, beijos e abraços, mas também de esforço e ajuda mútua para resolvermos os pequenos impasses pertinentes ao convívio. Quando nos dispomos a viver com outra pessoa uma experiência de vida comum, a dinâmica do convívio nos permite influenciar e ser influenciados em nossos comportamentos. Por não sermos perfeitos, certamente, muitos ajustes precisarão acontecer dentro da vida a dois. Entre algumas dessas necessidades está a ajuda para o controle do ciúme.
Há algum tempo, escrevi sobre o ciúme como o veneno dos relacionamentos. Continuando a partir dessa reflexão, podemos, também considerá-lo como um bolo de sentimentos, o qual, quase sempre, esconde situações que nos conduzem à atitude de medo, insegurança e, muitas vezes, de pavor ao nos imaginar sendo passados para trás por alguém. Com isso, reproduzimos, dentro do relacionamento, atitudes características de nossa baixa autoestima ou das más experiências vividas nos relacionamentos anteriores.

Percebemos que o ciúme é, de fato, algo que acontece. Entretanto, se não houver o esforço para a mudança, ele poderá se tornar ameaçador para os casais. O ciúme, quase sempre, tem origem no resultado daquilo que conjecturamos ao presenciar uma situação, que, em razão de nossas inseguranças, nos faz nos sentir ameaçados e, por conseguinte, passamos a desconfiar de tudo e de todos. Algumas vezes, uma atitude que poderia parecer inocente para alguém, pode não ser tão inocente para aquela pessoa que vive às voltas com suas inseguranças e ciúmes. Isso não faz bem para quem sente e, tampouco, para quem está ao seu lado; pois, como resultado disso, tem-se um convívio bastante tumultuado e com discussões constantes.

Antes que prejudiquemos, com atos tempestivos, o relacionamento tão almejado, precisamos nos abrir também para a ajuda. Além do auxílio de profissionais, quando for o caso, a pessoa mais indicada para cooperar nesse processo de cura é aquela que está ao nosso lado. Esta, por sua vez, ao perceber que o ciúme está corroendo seu cônjuge, precisa ajudá-lo naquilo que o faz vulnerável. Talvez, ser mais atento quanto às brincadeiras ou aos tipos de conversas que podem já não ser tão convenientes com os amigos em razão dos compromissos assumidos, ainda mais quando se conhece os efeitos que essas atitudes podem causar na pessoa que amamos. Corrigir ou mudar tais atos é uma atitude de zelo e de atenção às novas necessidades do convívio, como também resposta ao pedido de socorro de quem sofre tais crises.

Precisamos nos sentir livres em nossos relacionamentos e não será exercendo o domínio de posse ou colocando a pessoa amada numa redoma que estaremos expulsando o ciúme ou garantindo a fidelidade que desejamos. O desenvolvimento dos laços de confiança entre os casais traz o amadurecimento para o convívio e tende a neutralizar as forças do ciúme. Vencer essas primeiras dificuldades é um ato de paciência e demonstra o zelo e o cuidado com quem amamos. As inseguranças se dissipam quando o casal aprende a reafirmar, a cada dia, seus propósitos com o outro, independentemente das crises que, normalmente, surgem ao longo da convivência.

Um abraço. Sejamos pacientes um com o outro.
Dado Moura
Trabalha atualmente na Fundação João Paulo II para o portal Canção Nova, como articulista. Para ouvir comentários de outros artigos, acesse: podcast Relacionamentos

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA MISSA NA PARÓQUIA.



A importância da participação da Missa na paróquia.



A Igreja paroquial é minha casa, é o meu núcleo de fé e vida.




Domingo é o dia do Senhor. São João Maria Vianey dizia: "Um Domingo sem Missa é uma semana sem Deus". A nossa fé nos agrega numa grande família que é a Igreja, de maneira mais particular a Paróquia, onde eu coloco em prática a minha fé. Lá é onde eu recebo o suporte necessário para crescer na formação humana, na espiritualidade e em todos os tesouros sacramentais para minha salvação. A Igreja paroquial é minha casa, é o meu núcleo de fé e vida.



Tomemos por modelo os cristãos das primeiras comunidades: "Os que receberam a sua palavra foram batizados. Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações" (cf. Atos 2, 41-42).



Assim como eu preciso fazer uma experiência com Cristo para segui-lo, eu também preciso fazer uma experiência com a comunidade de fé, que é a Igreja, a portadora do depósito da fé, a extensão do grande corpo de Cristo e da qual eu sou membro. A comunidade é necessária para que a minha fé não seja estéril, morta, sem obras. Na comunidade paroquial, eu faço uma experiência de vida fraterna que faz toda a diferença no mundo de hoje. Na experiência dos apóstolos, o Domingo tem lugar especial por se tratar do dia da ressurreição do Senhor. No início, quando eles não tinham igrejas e eram perseguidos, eles celebravam em suas próprias casas. É isso que nós cristãos, hoje, somos chamados a resgatar: o sentido de casa de nossas paróquias, casa de comunhão e fé, ressurreição e vida.



Lembro-me, com muito carinho, da minha "paróquia mãe", a Catedral de Sant'Ana. Logo depois que eu encontrei Jesus e d'Ele recebi a Vida Nova, engajei-me na minha paróquia por meio do grupo de jovens, da Legião de Maria e da Missa Dominical, que não perdia por nada deste mundo; era por amor, era de coração. A partir daí, vieram a Direção Espiritual com o vigário Monsenhor Jessé Torres, a vida de oração e a vocação ao sacerdócio. Veja quantas riquezas a paróquia pôde me oferecer! Mas não posso me esquecer das desculpas imaturas de que não precisava ir à casa de Deus para encontrar o Senhor, que podia rezar em casa, pois Deus está em todo lugar e lá não se vê tanto testemunho, etc. Essas idéias acabaram quando fui crescendo no verdadeiro sentido de ser Igreja: "Eu sou e também faço a Igreja; sou discípulo de Jesus Cristo e estou neste caminho por Ele em primeiro lugar.



D.40.1 Celebração dominical, centro da vida da Igreja:



§2177 A celebração dominical do Dia do Senhor e da Eucaristia está no coração da vida da Igreja. "O domingo, dia em que por tradição apostólica se celebra o Mistério Pascal, deve ser guardado em toda a Igreja como a festa de preceito por excelência."



"Devem ser guardados igualmente o dia do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Epifania, da Ascensão e do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, de Santa Maria, Mãe de Deus; de sua Imaculada Conceição e Assunção, de São José, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e, por fim, de Todos os Santos".



Domingo primeiro dia da semana.



§1166 "Devido à tradição apostólica que tem origem no próprio dia da ressurreição de Cristo, a Igreja celebra o mistério pascal a cada oitavo dia, chamado, com razão, o Dia do Senhor ou domingo". O dia da ressurreição de Cristo é, ao mesmo tempo, "o primeiro dia da semana", memorial do primeiro dia da criação, e o "oitavo dia" em que Cristo, depois de seu "repouso" do grande sábado, inaugura o dia "que O Senhor fez", o "dia que não conhece ocaso". A Ceia do Senhor é seu centro, pois é aqui que toda a comunidade dos fiéis se encontra com o Ressuscitado, que Os convida a seu banquete: O dia do Senhor, o dia da ressurreição, o dia dos cristãos, é o nosso dia, pois foi, nesse dia, que o Senhor subiu vitorioso para junto do Pai. Se os pagãos o denominam dia do sol, também nós o confessamos de bom grado, pois, hoje, levantou-se a luz do mundo; hoje, apareceu o sol de justiça, cujos raios trazem a salvação.



§1167 O domingo é o dia, por excelência, da assembléia litúrgica em que os fiéis se reúnem para, ouvindo a Palavra de Deus e participando da Eucaristia, lembrarem-se da Paixão, Ressurreição e Glória do Senhor Jesus e darem graças a Deus que os 'regenerou para a viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos.



Domingo dia principal da celebração eucarística:



§1193 O domingo é o dia principal da celebração da Eucaristia por ser o dia da ressurreição. É o dia da assembléia litúrgica por excelência, da família cristã, da alegria e do descanso do trabalho. O domingo é o fundamento e o núcleo do ano litúrgico.



D.40.9 Obrigação de participar da liturgia dominical:



§1389 A Igreja obriga os fiéis "a participar da divina liturgia aos domingos e nos dias festivos" e a receber a Eucaristia pelo menos uma vez ao ano, se possível no tempo pascal, preparados pelo sacramento da reconciliação. Mas comenda, vivamente, aos fiéis que recebam a santa Eucaristia nos domingos e dias festivos ou ainda com maior freqüência, e até todos os dias.



§2042 O primeiro mandamento da Igreja ("Participar da Missa inteira aos domingos, de outras festas de guarda e abster-se de ocupações de trabalho") ordena aos fiéis que santifiquem o dia em que se comemora a ressurreição
do Senhor e as festas litúrgicas em honra dos mistérios do Senhor, da santíssima Virgem Maria e dos santos. Em primeiro lugar, participando da celebração eucarística, em que se reúne a comunidade cristã, e abstendo-se de trabalhos e negócios que possam impedir tal santificação desses dias.


Antes de qualquer obrigação, o meu relacionamento com Deus deve ser por amor e o meu compromisso concreto exige tempo e espaço para se atualizar, por isso, a minha paróquia é lugar de encontro com Ele e com os meus irmãos na fé, onde eu alimento a minha experiência e vida com o meu Senhor. Não existe uma experiência autêntica de Jesus Cristo fora da comunidade, nela sou formado na Palavra, no Altar, no testemunho e na doação de minha vida.


Sabendo de todas essas maravilhas e chamados a renovar o nosso compromisso com Jesus Cristo e com a Igreja Paroquial, como tem sido a sua participação na sua paróquia? Qual tem sido a sua experiência paroquial? Você vai à Missa todos os Domingos?


Nunca é tarde para recomeçar. Minha benção fraterna +.


Padre Luizinho


Sacerdote Missionário da Canção Nova




AS FÉRIAS COM DEUS E NÃO DE DEUS.

As férias com Deus e não de Deus

Mesmo não querendo desenvolver uma teologia de férias ou de descanso, nos propomos a olhar à Palavra de Deus com este tema em mente. Fazendo isto nos deparamos com alguns fatos que deveriam nos conduzir a uma reflexão pessoal de como encaramos as férias e como as mesmas são vividas para a glória do criador.
Nas primeiras páginas da Bíblia vemos um fato que não pode passar despercebido para quem pensa neste assunto. Vemos ali como Deus nos apresenta, pelo exemplo, o que deveria ser nossa atitude para com o trabalho e o descanso. “No sétimo dia Deus já havia concluído a obra que realizara, e nesse dia descansou. Abençoou Deus o sétimo dia e o santificou, porque nele descansou de toda a obra que realizara na criação.” (Gn 2:2.3). Deus não nos dá um exemplo de alguém que busca sombra e água fresca, Deus trabalhara muito fazendo com que a criação toda chegasse à existência. Mesmo que não precisasse tanto como nós de descanso após um esforço intenso, Deus nos mostra que o descanso tem o seu lugar. E mais ainda, Deus abençoa este dia e o santifica. Mesmo sendo muito dedicado e esforçado, mesmo que não seja preguiçoso, Deus também não está viciado em trabalho e proporciona a si mesmo um momento de descanso.
O primeiro ensinamento a respeito de descanso e férias é dado pelo exemplo de Deus, logo após a criação. Mas logo em seguida, nas próximas páginas da Bíblia, encontramos uma palavra de Deus a respeito, em forma de ordenação. “Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo. Trabalharás seis dias e neles farás todos os teus trabalhos, mas o sétimo dia é o sábado dedicado ao SENHOR, o teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teus filhos ou filhas, nem teus servos ou servas, nem teus animais, nem os estrangeiros que morarem em tuas cidades” (Ex 20:8-10).
Certamente Deus não faz nada sem propósito. Se ele ordena que descansemos no sétimo dia então, além de usarmos este dia para a glória do criador, Deus está consciente do fato de precisarmos regularmente do descanso. O Novo Testamento nos diz que o nosso corpo é o templo de Espírito Santo. Diante disto é difícil de se imaginar que Deus queira para si um templo que está cansado e exausto. Isto não seria um lugar agradável para morar.
Virando várias páginas da Bíblia chegamos ao Novo Testamento. Ali deparamos com um fato bem interessante com relação ao descanso e por que não dizer, às férias. “Os apóstolos reuniram-se a Jesus e lhe relataram tudo o que tinham feito e ensinado. Havia muita gente indo e vindo, a ponto de eles não terem tempo para comer. Jesus lhes disse: “Venham comigo para um lugar deserto e descansem um pouco” (Mc 6:30.31). Os apóstolos acabam de retornar de um esforço missionário evangelístico. Além disso recebem a notícia de que João Batista fora decapitado. O movimento em torno de Jesus está tão intenso que nem mesmo há condições para alimentação adequada. Neste momento Jesus entra em ação com esta proposta brilhante: Procuremos um lugar deserto, isto é, um lugar em que não haja tantas pessoas, um lugar que proporciona tempo e oportunidade de estarem a sós com o seu mestre. Apesar do sucesso do seu ministério Jesus está consciente que precisa prevenir o “stress” que poderia ser o resultado de atividades tão intensas.
Ainda outro assunto é discutido na Bíblia e bem destacado. Já líamos em Êxodo 20 que todos da unidade doméstica estariam incluídos no descanso regular semanal. Interessante notar ali também, que inclusive os animais não deveria fazer tarefa alguma no dia do descanso. Isto fez com que me dei conta que Deus prevê o descanso para a natureza. Veja, por exemplo, o que lemos em Levítico 25,2-5 “Diga o seguinte aos israelitas: Quando vocês entrarem na terra que lhes dou, a própria terra guardará um sábado para o SENHOR. Durante seis anos semeiem as suas lavouras, aparem as suas vinhas e façam a colheita de suas plantações. Mas no sétimo ano a terra terá um sábado de descanso, um sábado dedicado ao SENHOR. Não semeiem as suas lavouras, nem aparem as suas vinhas”. Assim como os homens e os animais precisam de descanso, a natureza também precisa da mesma e Deus já o estabeleceu assim junto ao seu povo.
Há mais um momento na vida de Jesus que merece a nossa atenção neste contexto. Mesmo que anteriormente Jesus estimulara o descanso, levara os discípulos a uma viagem de recreação, Jesus aponta agora que também pode ocorrer descanso em hora errada. Ele diz aos seus seguidores ali no Getsémani o seguinte: “Vocês ainda dormem e descansam? Basta! Chegou a hora! Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores” (Mc 14:41). Há momentos que não comportam descanso e ócio, é preciso adotar uma atitude bem diferente. Na realidade não se pode indicar os momentos não apropriados para o descanso, mas certamente teremos a devida orientação por parte de Deus a respeito desta questão.
Ciente de não ter esgotado este pano de fundo para férias e descanso, nos propomos agora a fazer algumas indagações e reflexões. Deus quer que nós tenhamos tempo para restaurar as forças físicas, mentais e espirituais. Nossa inquietação, no entanto, é o que nós chamamos de descanso, o que nós praticamos como descanso e que nós, por isso, encaramos como as bem merecidas férias. Estaria Deus contente como o descanso que praticamos? Ele convidou os discípulos para uma viagem de férias para estarem com ele e terem tempo para estar em sintonia com o Filho de Deus. Será que planejamos as nossas férias para alcançar este propósito?
Podemos nos pergunto também, “será que Deus aprovaria os locais que escolhemos para descansar?” Os lugares mais badalados e também procurados são as praias e os balneários das termas. Será que estes lugares nos proporcionam descanso e restauração física, mental e espiritual? Uma vez, ali há um aglomerado tão grande de pessoas, sempre há alguma coisa acontecendo e nos convidando para envolvimento. Por outro lado, corre solta a sensualidade em todas as formas, ela parece ser o fator principal nestes “locais de férias”. Se formos honestos e atenciosos não descobriremos que, em vez de descanso, alcançamos algo bem mais forte em emoções e adrenalina e, por que não dizer, em estímulos sexuais? Como se isto não bastasse ainda, muitos ali ficarão com a auto estima tão abalada ao verem que o próprio corpo não está dentro dos padrões de beleza estabelecidos por aqueles que procuram e desenvolvem os padrões de beleza em nossos dias. Toda a mídia se esforça a desenvolver um modelo de descanso que prevê e precisa que as férias sejam regadas a muita bebida alcoólica.
É mais do que evidente que em nossos dias realmente precisamos de férias, precisamos de descanso e precisamos recarregar as nossas baterias. O nosso esgotamento ocorre nas três áreas que já indicamos anteriormente: física, mental e espiritual. Muitas vezes somos exigidos de forma tão vigorosa fisicamente que o corpo fica arrasado. Isto tem conseqüências sobre a mente e certamente também sobre a parte espiritual.
Outras vezes, e isto depende da nossa atividade, a mente é exigida tanto que afeta o corpo também e em conseqüência o nosso espírito. Já outras atividades exigem tanto do “coração e do espírito”, deixando-nos arrasados nesta área. Mas está exausto, este cansaço também afeta o corpo e a mente. Mesmo que teoricamente funcionamos em áreas, nós formamos um todo e o todo sofre com dificuldades em uma ou outra área. Dentro deste raciocínio deve-se ter uma inquietação: nossas férias facilmente se tornam o momento ou o período em que nós também damos férias a Deus. As coisas parecem estar tão perfeitas e gostosas que não precisamos de Deus. Ou então dormimos tanto pela manhã para já não haver mais tempo para um período devocional antes de irmos os passeios. Por outro lado estes passeios nos cansam tanto que à tarde temos que ter aquela soneca gostosa. À noite, muitas vezes, acontece alguma festa junto com amigos ou parentes que estão no mesmo lugar e a hora fica avançada demais para ainda termos tempo para Deus. Dentro desta linha uma pergunta: Será que Deus aprovaria o fato de darmos, em nossas férias, férias também a Deus?