Muitos grupos de jovens não levam suas reflexões a uma ação prática. O grupo vai ficando só na teoria e acaba se esvaziando, perdendo o sentido. Mas, é possível fazer coisas conseqüentes, como mostra a experiência de um grupo de Cariacica, ES.
Em 1992, a partir da Pastoral da Juventude da Comunidade de São Geraldo, alguns jovens formaram um grupo e começaram a estudar. Quando o Grupo de Estudos de São Geraldo nasceu, ele surgiu como uma ação concreta da Pastoral da Juventude da comunidade.
O Grupo de Estudos era parte do Grupo de Jovens, que o coordenava através da Equipe de Orientação Para a Vida, cujo objetivo era orientar os jovens do grupo com relação a estudos, profissão, convivência social e política.
Os jovens do grupo, percebendo as dificuldades com que os filhos dos trabalhadores da comunidade viviam e tendo vontade de possuir um curso superior, iniciou-se uma relfexão sobre o papel social do grupo de jovens baseado nos valores do cristianismo, tornou-se necessário fazer algo que fosse concreto.
Mas que não fosse assistencialismo e sim conforme as palavras de Jesus: “ensine-os a pescar”. então surge de fato uma proposta que foi colocada em prática pelos jovens que já freqüentavam a Universidade, que se colocaram à disposição para um trabalho voluntário e gratuito para monitorar durante o período de julho a dezembro de segunda a sexta-feira, nas seguintes áreas: Português, Matemática, História, Geografia e Biologia, conforme o programa oferecido aos estudantes pela Universidade Federal do Espírito Santo.
Vestibular
O Grupo de Estudos nasceu da necessidade que os jovens tinham de estudar e se preparar para o vestibular, mas não tinham condições de pagar cursinho pré-vestibular e para que esses jovens pudessem disputar em melhores condições com a burguesia as poucas vagas oferecidas pela UFES.
Nasceu também com o objetivo de contestar o sistema privado de educação, representado pelos cursinhos, que distancia cada vez mais os jovens trabalhadores da possibilidade de ter acesso ao ensino superior. Contestar o próprio vestibular como forma de acesso à Universidade, pois é discriminatório e excludente. Acreditamos que a universidade é um direito de todos. O acesso deveria ser livre para quem estivesse interessado em cursar uma faculdade.
Por fim, queremos afirmar que apoiamos o ensino público e de qualidade em todos os níveis e ainda provar que é possível para pessoas menos favorecidas poder e dever lutar ter acesso à universidade pública.
Novos objetivos
Com o passar do tempo, o Grupo de Estudos cresceu e surgiram novos objetivos. Em 1995, para melhor representar esses objetivos, o grupo passou a ser denominado CEPUL (Centro de Estudos Populares Universidade Livre). Este ano será transformada em uma ONG (Organização Não-Governamental), passando a ser um centro de geração e disseminação de cultura e conhecimento, com uma proposta alternativa de educação popular, que atuará de várias formas.
O CEPUL não é um cursinho pré-vestibular. É o estudante que se reúne, forma grupos de estudos, debate entre si os conteúdos e depois leva aos monitores suas dúvidas, construindo juntos o conhecimento.
Todas as atividades desenvolvidas no CEPUL são voluntárias e sem remuneração. As despesas são pagas com a contribuição única de 20% do salário mínimo vigente no período de início das atividades.
QUESTÕES PARA DEBATE:
1 - Como o grupo de jovens desenvolve a reflexão em relação aos problemas concretos da comunidade?
2 - Partindo do exemplo do CEPUL, que boas atividades podem ser desenvolvidas pelo grupo?
Jorge Luiz Davel,
Artigo publicado na Revista Mundo Jovem, edição 273, setembro de 1996, página 9.
Disponível em: http://www.mundojovem.com.br/subsidios-grupo_jovens-08.php
Disponível em: http://www.mundojovem.com.br/subsidios-grupo_jovens-08.php
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