(Oração na primeira parte).
TERÇA-FEIRA.
A MORTE.
1º) A morte consiste na separação da alma e do corpo, ficando absolutamente abandonadas todas as coisas deste mundo.
Considera, meu filho, tua alma deve necessariamente separar-se do coro, mas não sabes quando, nem onde, nem como te surpreenderá essa separação.
Não sabes se ela te apanhará na cama, no trabalho, na rua ou noutro lugar.
A ruptura de uma veia, uma infecção pulmonar, uma febre, um ferimento, um tombo, um terremoto, ou um raio são suficientes para te tirar a vida.
E isso pode acontecer-te dentro de um ano, de um mês, de uma semana, de uma hora ou talvez mal acabes de ler estas páginas.
Quantos estavam bem à noite, quando se deitaram, e foram encontrados mortos no dia seguinte! Quantos, atacados de apoplexia, morreram rapidamente. E para onde foram depois?
Se estavam na graça de Deus, felizes deles, são eternamente felizes. Se estavam no pecado, serão atormentados para todo o sempre.
E tu, meu filho, se morreres neste momento, o que seria de tua alma? Infeliz de ti se não estás preparado, porque o que não está pronto para morrer hoje, corre grande risco de morrer mal!
2º) O lugar e a hora de tua morte não te são conhecidos, mas é certíssimo que ela virá. Ainda supondo que não te supreenda uma morte repentina ou violenta, sem embargo, a última hora da tua vida há de chegar.
Nessa hora, estendido sobre o leito, assistido por um sacerdote que rezará junto de ti as orações dos agonizantes, rodeado por tua família que chora, com o crucifixo numa mão e uma vela acesa na outra, te encontrarás a porta da eternidade.
Tua cabeça sentirá dores e não encontrará repouso; tua visão estará obscurecida; tua língua estará ardendo; tua garganta, seca, teu peito, oprimido, o sangue se gelará nas tuas veias; teu corpo será consumido pela enfermidade e teu coração transpassado por mil dores.
Quando a alma tiver abandonado o corpo, este coberto com uma mortalha, será lançado a um buraco, onde se converterá em podridão; os vermes o devorarão, e de ti só restarão alguns ossos descarnados e um pouco de pó mal cheiroso.
Abre um tumba e observa o que restou de um jovem rico, de um homem poderoso no mundo; pó e podridão... O mesmo te acontecerá a ti.
Lê estas considerações com atenção, meu filho, e lembra-te que elas se aplicam a ti, como a todos os outros homens.
Agora o demônio, para induzir-te a pecar, se esforça e distrair-te teus pensamentos, em encobrir e escusar a culpa, dizendo-te que não há grande mal em tal prazer, em tal desobediência, em faltar à Missa nos dias festivos; mas no momento da morte te fará conhecer a gravidade das tuas faltas e as representará a todas vivamente, diante de ti.
Que farás tu naquele terrível instante? Desgraçado de quem então se encontrar em pecado mortal!
3º) Considera também que do momento da morte depende tua felicidade ou desgraça eterna. Estando para dar o último suspiro e à luz daquela última chama, quantas coisas veremos!
A Igreja acende duas velas por nós: uma no nosso batismo, outra na nossa morte; a primeira, para mostrar-nos os preceitos da Lei de Deus que devemos observar; a segunda no transe da nossa morte, para examinarmos se o observamos corretamente.
Por isso, meu filho, à claridade daquela última verá se amaste a Deus durante a tua vida ou se O desprezaste; se respeitaste Seu santo nome o se O ofendeste com blasfêmias.
Verás as festas que profanaste, as Missas que não ouviste, as desobediências a teus superiores, os encândalos que destes a teus companheiros.
Verás aquela soberba e aquele orgulho que te enganaram; verás...
Mas (Oh! Deus) tudo aquilo verás no momento em que se abre diante de ti o caminho da eternidade, momento do qual depende a eternidade inteira. Sim, daquele momento depende uma eternidade de glória ou de tormentos.
Compreendes bem o que te estou dizendo? Daquele momento depende para ti o Paraíso ou o inferno; o ser para sempre feliz ou desgraçado; para sempre filho de Deus ou escravo do demônio; para sempre gozar com os Anjos e Santos no Céu ou gemer e arder para todo o sempre com os condenados no inferno.
Teme muito por tua alma, e reflete que de uma vida santa e boa dependem a boa morte e a eterna glória.
Sem perda de tempo, põe em ordem tua consciência com uma boa Confissão, prometendo ao Senhor perdoar a teus inimigos, reparar os escândalos que deste, ser mais obedientes, abster-te de comer carne nos dias proibidos, não perder mais o tempo, santificar os dias consagrados a Deus, cumprir os deveres de teu estado.
E deste já, lançando-te aos pés de Jesus, diz a Ele:
"Meu Senhor e Meu Deus, desde agora me converto a Vós; amo-Vos e quero-Vos amar e servir até à morte. Virgem Santíssima, minha Mãe, ajudai-me naquele momento terrível. Jesus, Maria e José, que minha alma expire em paz em vossos braços".
Dom Bosco.
Presbítero.
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