sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

SÃO JOÃO BOSCO.

Apóstolo da juventude. Figura ímpar nos anais da santidade no século XIX, D. Bosco foi escritor, pregador e fundador de duas congregações religiosas, tendo sobretudo exercido admirável apostolado junto à juventude, numa época de grandes transformações. Dotado de discernimento dos espíritos, do dom da profecia e dos milagres, era admirado pelos personagens mais conhecidos da Europa no seu tempo.
Nascido em Murialdo, aldeia de Castelnuovo de Asti, no Piemonte, aos dois anos de idade faleceu-lhe o pai, Francisco Bosco. Mas felizmente tinha ele como mãe Margarida Occhiena, que lembra a mulher forte do Antigo Testamento. Com sua piedade profunda, capacidade de trabalho e senso de organização, conseguiu manter a família, mesmo numa época tão difícil para a Europa como foi a do ínicio do Século XIX, dilacerada pelas cruentas guerras napoleônicas. João Bosco tinha um irmão, dois anos mais velho que ele, e um meio-irmão já entrando na adolescência.
Lar pobre e religioso; a mãe, exemplo de virtudes.
A influência da mãe sobre o filho caçula foi altamente benéfica. "Parece que a paciência e a doce firmeza de Mamãe Margarida influenciaram São João Bosco, e que toda parte de sua amenidade, de seus métodos afáveis, deve ser atribuída aos modos de sua mãe, à sua maneira de ordenar e de prescrever, sem gritos nem tumultos [...] Margarida terá sido uma dessas grandes educadoras natas, que impõem a sua vontade à maneira de doce implacabilidade"[..].
"João Bosco é um entusiasta da Virgem. Mamãe Margarida lhe revelou, pelo seu exemplo, a bondade, a ternura, a solicitude de Mamãe Maria. As duas mães se confundem em seu coração. Dom Bosco será um dos grandes campeões de Maria, seu edificador, seu encarregado de negócio".
Talentos naturais e discernimento dos espíritos.
A Providência falava a ele, como a São José, em sonhos. Aos nove anos, teve o primeiro sonho profético, no qual - sob a figura de um grupo de animais ferozes que, sob sua ação, vão se transformando em cordeiros e pastores - foi-lhe mostrada sua vocação de trabalhar com a juventude abandonada e fundar uma sociedade religiosa para dela cuidar.
Extremamente dotado, tanto intelectual quanto fisicamente, era um líder nato. Por isso, "se bem que pequeno de estatura, tinha força e coragem para meter medo em companheiros de minha idade; de tal forma que, quando havia brigas, era eu o árbitro dos contendores, e todos aceitavam de bom grado a sentença que desse", dirá ele em sua autobiografia. Observador como era, aprendia os truques dos saltimbancos e prestidigitadores, de maneira a atrair seus companheiros para seus jogos e pregação, pois desde os sete anos foi um apóstolo entre eles.
Possuía um vivo discernimento dos espíritos, como ele mesmo afirmou: "Ainda muito pequeno, já estudava o caráter dos meus companheiros. Olhava-os na face e ordinariamente descobria os propósitos que tinham no coração". Essa preciosa qualidade depois o ajudaria muito no apostolado com a juventude.
Órfão de pai, muito pobre para estudar para o sacerdócio como pretendia, e tendo sobretudo a incompreensão do meio-irmão, que o queria no campo, aos 12 anos, sua mãe lhe pôs sobre os ombros um bornal com alguns pertences e o enviou a procurar trabalho nas fazendas vizinhas. Assim, o adolescente perambulou pela região, servindo de garçom num Café, aprendiz de alfaite, de sapateiro, de marceneiro, de ferreiro, preceptor, tudo com um empenho exímio, que o levará depois a ensinar esses ofícios aos seus "birichini" nas escolas profissionais que fundará.
Vivendo de confiança na ajuda sobrenatural.
A vida de Dom Bosco é um milagre constante. É humanamente inexplicável como ele conseguiu, sem dinheiro algum, construir escolas, duas Igrejas - uma sendo a célebre Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora. - prover de máquinas específicas, suas escolas profissionais, nutrir e vestir mais de 500 rapazes numa época de caristia.
Para Pio XI, "em D. Bosco o sobrenatural havia chegado a ser natural; o extraordinário, ordinário; e a legenda áurea dos séculos passados, realidade presente".
Quanto mais ele precisava e menos possibilidade tinha de obter dinheiro, aparecia algum doador anônimo para lhe dar a exata quantia necessitava. Mas ele empenhava-se também em promover rifas, leilões e tudo que pudesse render algum dinheiro para sua obra.
Educador ímpa, e sobretudo, eficaz diretor de consciências, vários de seus meninos morreram em odor de santidade, sendo o mais conhecido deles São Domingos Sávio. Dom Bosco escreveu-lhe a biografia e a de vários outros.
Necessitando Dom Bosco de ajuda para seu apostolado incipiente, não teve dúvidas em ir pedi-la à sua mãe, já entrando na velhice e vivendo retirada junto ao outro filho e netos. Essa mulher forte pegou alguma roupa e objetos de que poderia necessitar, e, sem olhar para atrás, seguiu seu filho a pé, nos 30 quilômetros que separavam sua vila de Turim. Tornou-se ela a mãe de tantos "birichini", aos quais alimentava, vestia e ainda dava sábios conselhos. Foi seguindo seu costume que seu filho instituiu as belas Boa Noite, ou palavras edificantes aos meninos antes de eles irem dormir.
Escrevendo a reis e imperadores.
São João Bosco mantinha uma correspondência intensa, escrevendo para imperadores, reis, nobreza, dirigentes da nação, com liberdade que só os santos podem ter. Assim, transmitiu ao Imperador da Áustria um recado memorável de Nosso Senhor para que ele se unisse às potências católicas, a fim de se opor ao poderio crescente da Prússia protestante. Escreveu também à nossa Princesa Isabel, recomendando-lhe seus Salesianos no Brasil. Ao rei de Piemonte, prestes a tomar medidas contra a Igreja, alertou-o da morte que reinaria no palácio, caso isso ocorresse. Como o soberano não voltou atrás, quatro membros da família real se sucederam no túmulo, em breve espaço de tempo.
São João Bosco morreu em Turim a 31 de Janeiro de 1888, sendo canonizado por Pio XI em 1934.
Plínio Maria Solimeo.

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