Estamos muito acostumados à nossa visão material e sensível das coisas. Não é fácil imaginarmos quem e como é o Criador. Por via indireta, a natureza, concluímos sobre a grandeza d'Ele, que tudo fez. Enxergamos a vida e queremos ter prazer palpável. Até lutamos para ter o que é material e mesmo o crescimento no conhecimento, aumentando em nosso cérebro muitas informações usadas para nos beneficiar.
Mas, a um dado momento há quem pergunte: para que tudo isso?
O questionamento continua quando nos deparamos com nossas deficiências, nossa incapacidade para adquirirmos tantas coisas e superarmos problemas, quando ficamos doentes e nos aproximamos da realidade da morte.
Deus, sabendo da nossa visão muito ligada ao sensível, veio mostrar-se a nós dentro dessa nossa percepção, tornando-se um de nós. Mas nos fez enxergar, além do notado pelos sentidos, a continuação da vida na eternidade. Sem esta, nossa história na terra se torna verdadeira decepção.
Construiríamos verdadeiro castelo e ele se acabaria com sua destruição. Aliás, podemos até pensar nas mansões terrestres, no acúmulo de terras, fortunas, diplomas e obras realizadas, se tudo fosse apenas para fazermos nome para os outros dizerem algo de nós no futuro. Mas, mesmo este nome no futuro fica, em grande parte, esquecido!
Na realidade da vida de sentido, apresentada por Jesus, vale a pena construir a boa cidade terrestre, mas para o serviço à comunidade, a partir dos mais excluídos de vida digna, na convivência do amor. Este é oblativo e nos faz ser doadores de vida para termos o direito de ver a Deus de modo imensamente feliz na eternidade. A visão do que é terreno como finalidade não dá base para se conquistar o banquete celeste de modo feliz. Para nós, sozinhos, isto é um desafio imenso. Mas, para Deus, nosso esforço nessa direção redunda em possibilidade de atingirmos o objetivo último da caminhada terrestre.
Embora nossa tendência seja para a fixação no que é terreno, seguindo os passos do Divino Mestre conseguimos acertar mais a direção de nossa caminhada, com seu significado mais elevado. Muitos têm dado verdadeiro exemplo nessa direção. Quantos entes queridos, lembrados no dia dos falecidos, nos ensinaram a viver a fé com perseverança e doação no amor a Deus e ao próximo! Eles são benditos, verdadeiramente felizes, contemplando o Senhor na eternidade!
Transformar a cidade terrestre em convivência de irmãos e irmãs é nosso grande desafio e nossa nobre missão. Temos a maior razão para isso. Conseguiremos ser pessoas de grandeza diante de todos porque o próprio Deus nos ensina a sermos grandes no amor. Quem isto faz é capaz de ser humilde e serviçal. Educado e trabalhador para o bem da família, da comunidade e de toda a humanidade. Para se conseguir um lugar junto ao Divino, precisamos ser verdadeiramente humanos na terra. Cristo fez isto. Promete-nos também a vida plena depois de O termos imitado na doação de nós, desenvolvendo os talentos por Ele a nós outorgados e colocando-os a serviço do bem, da justiça e da convivência fraterna. Vida feliz com Deus na eternidade é conquistada através da vida presente com Ele mesmo em cada pessoa na vida terrena.
José Alberto Moura
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros, MG
Fonte: CNBB
Fonte: CNBB
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