quarta-feira, 18 de março de 2009

CALAM-SE OS SINOS, OS INSTRUMENTOS, AS VOZES.



No Sábado, dia do silêncio: a comunidade cristã vela junto ao sepulcro. É o dia para aprofundar. Para contemplar. O altar está despojado. O sacrário aberto e vazio. O Sábado é o dia em que a Igreja experimenta o vazio.
A Cruz continua entronizada desde o dia anterior. Central, iluminada, com um pano vermelho com o louro da vitória. Deus morreu. Quis vencer com sua própria dor o mal da humanidade. É o dia da ausência. O Esposo nos foi arrebatado. Dia de dor, de repouso, de esperança, de solidão. O próprio Cristo está calado. Ele, que é Verbo, a Palavra, está calado. É um dia de meditação e silêncio.
Algo parecido à cena que nos descreve o livro de Jó, quando os amigos que foram visitá-lo, ao ver o seu estado, ficaram mudos, atônitos frente à sua imensa dor: "Sentaram-se no chão ao lado dele, sete dias e sete noites, sem dizer-lhe uma palavra, vendo como era atroz seu sofrimento" (Jó. 2, 13). Ou seja, não é um dia vazio em que "não acontece nada". Nem uma duplicação da Sexta-feira.
A grande lição é: Cristo está no sepulcro, desceu à mansão dos mortos, ao mais profundo em que pode ir uma pessoa. E junto a Ele, como sua Mãe Maria, está a Igreja, a esposa. Calada, como ele. O Sábado está no próprio coração do Tríduo Pascal. Entre a morte da Sexta-feira e a ressurreição do Domingo nos detemos no sepulcro. Um dia ponte, mas com personalidade. São três aspectos de um mesmo e único mistério, o mesmo da Páscoa de Jesus: morto, sepultado e ressuscitado.
Série Semana Santa nº 09

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