quinta-feira, 26 de março de 2009

A IMPORTÂNCIA DO TEATRO CRISTÃO NA SEMANA SANTA.

Escrevo este artigo com um enorme saudosismo, afinal, foram 15 anos participando de encenações da Paixão de Cristo e Via-Sacra, em especial na minha antiga Paróquia do Divino Espírito Santo, na Jatiúca.

Lembro-me que a Quaresma para nós “atores e atrizes de Cristo” era época de preparação também para encenarmos a Vida, Paixão e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Aliás, antes mesmo de iniciar a Quaresma, exatamente no mês de Janeiro, iniciávamos os ensaios. Abrir mão da praia para ensaiarmos debaixo de um sol quente, as horas que gastávamos confeccionando figurinos e os materiais utilizados nas apresentações eram também os nossos sacrifícios quaresmais.

Tantas loucuras. Tantas brincadeiras entre nós, tantos erros de bastidores que nos fazem rir toda vez que recordamos. Certa vez, eu e meu grande amigo-irmão Bruno Vinicius entramos no Vale do Reginaldo a procura de um burrinho para a cena da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Outra vez, um amigo nosso que interpretava Pilatos errou o texto no momento da apresentação e ordenou ao guarda que “Matasse Jesus, O flagelasse e depois O libertasse”. Até eu já paguei alguns micos. No ano que interpretei Pilatos, ao entrar em cena, minha armadura se soltou e eu me engasguei com uma uva que “minha serva” tinha acabado de dar. Já tivemos Jesus que caiu da cruz, Dimas, o ladrão bom, e sua cruz caindo numa perfeita sincronia, armaduras e capacetes quebrando em cena, jogo de luz e gelo seco que não funcionaram na hora exata que seriam usados, porta do sepulcro fechado na hora dos atores sepultarem Jesus, Salomé dançando sem música por que o CD travou, enfim, foram tantos momentos divertidos que a maioria deles não foi percebido pelo público que estava emocionalmente envolvido com as passagens do Evangelho que eram dramatizadas.

Como nossa vida, tivemos também muitas tribulações. Tantas foram as brigas por causa de vaidade; Muitos foram aqueles que não assumiram o compromisso com Cristo e deixou de participar da peça até mesmo na hora da apresentação. Recordo-me que a última Paixão de Cristo que realizamos metade do elenco estava intrigado um com os outros e dividido em dois grupinhos. Mas Deus é tão perfeito, que mesmo nesse clima pesado de bastidores, foram as melhores apresentações que fizemos, de tal maneira que deixamos de realizá-la até hoje quando percebemos que não tínhamos condições de realizar uma do mesmo nível daquela. Mas tudo que aconteceu, fatos bons e ruins, nos fortaleceram e nos tornou jovens cristãos melhores.
Muitos jovens têm seu primeiro contato com Cristo e sua Igreja graças a um convite para um personagem ou figurante na encenação da Paixão de Cristo e da Via-Sacra. Testemunho e certifico essa afirmação. Das duas peças que a juventude paroquial da Divino Espírito Santo realizava (hoje apenas a Via-Sacra é encenada), saíram grandes líderes jovens que até hoje, depois de tantos anos que participaram da peça, estão engajados na Messe do Senhor. Inclusive temos hoje um padre, um recém diácono e uma postulante a vida religiosa carmelita que participaram das apresentações. Jovens alegres, que assumem com amor a missão na messe do Senhor.

Não escrevo apenas este artigo para recorda-me do meu passado recente, mas também principalmente para incentivar a todos que o lêem a realizar na Sua Paróquia, com a devida autorização do Pároco, dramatizações da Paixão de Cristo e/ou da Via-Sacra. Graças a Deus na nossa Arquidiocese os jovens utilizam a arte do teatro para contar os momentos decisivos da Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo e consequentemente da nossa redenção. Divino Espírito Santo (Jatiúca), Santo Antônio (Bebedouro), São Vicente (Graciliano Ramos), Santa Maria Madalena (União dos Palmares) são apenas exemplos.

A arte do teatro é um dom de Deus e pode converter milhares. Lembro-me de uma apresentação da Via-Sacra encenada. Uma das estações seria encenada numa casa em frente a um bar. Neste bar, no momento da apresentação, havia algumas pessoas que aparentavam beber a muito tempo. Ao verem a procissão da Via-Sacra aproximando, desligaram imediatamente o som e respeitosamente levantaram-se e assistiram atenciosamente a dramatização daquela estação. Logo após a procissão ir, eles voltaram a beber, mas tenho certeza que naquela noite a mensagem foi passada. Deus nos usa no momento certo, na hora certa e tenho certeza que a semente do Evangelho foi plantada no coração daquelas pessoas.

É bom temos em mente que não somos estrelas, nem tão pouco temos os meios suficientes para fazer um espetáculo ao estilo Nova Jerusalém. Mas com amor, carinho e muita força de vontade podemos fazer uma grande evangelização e trazer muitos corações para Cristo.

Seja você também Sal da Terra e Luz do Mundo e use o dom que Deus lhe deu para servi-LO.



Rick Pinheiro
Coordenador da Pastoral da Juventude Arquidiocesana.
Arquidiocese de Maceió.

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