sexta-feira, 17 de abril de 2009

CORRUPÇÃO, PAINEL, CPI E OUTRAS COISINHAS MAIS...


É triste e vergonhoso o estado de crise crônica em que se encontra a política brasileira. Já há muito, efetivamente, a confiança do povo em seus políticos desapareceu. Mas chegamos agora a um nível alarmante e deprimente. Só para recordar os casos mais grave: o presidente do Senado da República encontra-se sob fortes e fundadas suspeitas de corrupção graúda, o mesmo pode-se dizer do ex-presidente do Senado, sem contar com o caso escandaloso e escabroso da violação do painel do Senado, que deve levar, se justiça e lei houver ainda no Brasil, à cassação de ambos os senadores. Para além das fronteiras do Legislativo, temos, no Executivo preciosidades de escândalo como a verdadeira depenagem dos cofres públicos, efetuada na Sudam e no Finor, ligado à Sudene. Pobre povo: roubado e enganado!

Fala-se numa CPI da corrupção. Dela faz-se alarde e propaganda. Seria o caso? Não é tão certo! A gente vai se acostumando a ver os shows nos quais a CPIs se tornam, sem muito resultado concreto. Mesmo porque, no caso da CPI da corrupção o tema é tão amplo, mas tão amplo, que seria o caso de fazer logo a CPI do Brasil todo!

É verdade que todas a denúncias de falcatruas e gatunagem devem ser averiguadas. Mas de modo mais técnico e menos político-pirotécnico, numa belo show de hiprocrisia para enganar o povo!No entanto, há dois aspectos que podemos pôr em relevo nesta confusão moral em que nos encontramos.

Primeiro. O Brasil está melhorando, tornando-se mais democrático. Pode parecer um contra-senso esta afirmação. Mas, pensemos bem. Corrupção, esperteza e falcatruas sempre estiveram presentes na vida política brasileira. No entanto, ou eram encobertas pela censura dos regimes ditatoriais (o último dos quais a quartelada de 1964) ou eram levadas na esportiva pelo nosso povo, que se conformava em rir, fazer piadas sobre o tema e dizer: “É isso mesmo; quem é grande não vais para a cadeia” ou então: “Fulano rouba mas faz!” Ora, esta situação está mudando radicalmente! O povo não aceita mais a corrupção; exige punição para os corruptos. Basta ver o caso do presidente do Banco Econômico, dos responsáveis pelo Banco Nacional, do ex- senador Luiz Estêvão, do juiz Nicolau, do ex-deputado Hildebrando Pascoal, do ex-presidente do Banco Central, o sr. Francisco Lopes... A sociedade, com a livre circulação de idéias, tem aprendido e fazer cara feia para a corrupção e exigido a punição de culpados. É verdade que ainda temos muito o que caminhar e crescer, mas que estamos melhorando estamos. Ladrões de colarinho branco sempre teremos, mas é necessário que haja punições tão duras para esses tais que eles pensem ao menos duas vezes antes de impetrarem seus golpes!

Aliás, convém não esquecer que a democracia faz-se assim, com o crescimento da consciência cidadã do nosso povo. Um povo consciente, um povo que acompanha e participa, um povo que cobra o comportamento ético de seus representantes, é um povo realmente democrático. O Brasil haverá de chegar lá! Está caminhando.

Em segundo lugar convém recordar que nós, como Igreja, temos o dever de ajudar nosso povo na formação de uma consciência crítica. Não se trata aqui de ser de esquerda ou de direita, mas de ser cidadão, de saber avaliar fatos e pessoas que se apresentam para as eleições a cargos públicos. A Igreja tem um papel nesse processo de formação. Abstendo-se, como instituição, da política partidária, ela deve dar as mãos a outras instâncias de sociedade (ONGs, OAB, Ministério Público, Associações) no constante trabalho de fazer crescer a consciência cidadã dos brasileiros.

Sobretudo aqui, no nosso Nordeste e na nossa Alagoas, quanto isso é necessário! Aqui tem-se uma verdadeira guerra de libertação a ser travada... Basta ver as numerosas camadas de nossa sociedade onde o voto ainda é de cabresto e os gloriosos deputados são verdadeiros coronéis, com pistola e tudo!A gente pode até fazer de conta que não vê, que não sabe, que não tem nada a ver com o problema... A questão é saber o que Cristo dirá de nós, que tipo de cristão somos e como estaremos diante dele no juízo, quando ele nos perguntar, como a Caim: “Onde está o teu irmão?”


Monsenhor Henrique Soares da Costa
Bispo eleito auxiliar de Aracaju.

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