quarta-feira, 22 de abril de 2009

DENVER, A DROGA E O MUNDO SEM DEUS.


Basta abrir os jornais, ligar a televisão, andar pelas periferias das grandes cidades; a realidade é de meter medo: violência juvenil, drogas, gravidez de adolescentes, estupros, solidão... É de pasmar! Tivemos notícia, estupefatos, da chacina de quinze estudantes em Denver, nos Estados Unidos. Os assassinos não eram profissionais, mas rapazes normais, aparentemente equilibrados e de famílias de classe média: tinham o que comer, o que vestir, o que gastar, esbanjar, na sociedade mais consumista do mundo! Vimos, nos meios de comunicação, muitos perguntarem: por quê? Interessantes, os meios de comunicação! Engraçado, o mundo cão que, atônito, pergunta anchamente como explicar tanta violência, tanto desencontro e tanta irresponsabilidade!


Para encontrar as respostas, bastaria que o mundo atual se perguntasse com coragem que tipo de existência tem construído: nossa geração matou Deus, eliminando-o das decisões importantes pertinentes à vida social e privada, nossos meios de comunicação, na amplitude de sua potencialidade tecnológica, promovem a crise e o descrédito de instituições fundamentais, elementares mesmo, como a família, a fraternidade, a moralidade, o senso ético, o sentido do sacrifício e do dever... Nosso mundo apresenta-se anêmico de ideais, pobre de valores... e espanta-se candidamente quando os jovens se desorientam, se drogam, se prostituem e se matam!


Que esperar de uma civilização que se calca unicamente no prazer, no consumo, no imediato, na satisfação de interesses mesquinhos, sem nenhum ideal que realmente engaje a existência como um todo? Estamos fabricando um mundo de imaturos, de superficiais... E isto não somente em Dever: basta olhar ao nosso redor, nas classes altas e baixas!


A cultura ocidental matou Deus. Lembram de Nietzsche, o filósofo ateu? “Deus morreu: nós o matamos!” – constatava ele, triunfante! Não se trata tanto de um ateísmo teórico, racional, sistemático, mas daquele outro, prático, que simplesmente vai esquecendo Deus e deixando-o à margem de nossa vida, de nossas preocupações e decisões. Exemplos? Xuxa, Sílvia Popovic, Raintho, Gabriel, o Pensador, É o Tchan, Carla Perez... e tantos outros luminares da “subcultura de consumo do mundo atual! Mais exemplos? As infalíveis leis do mercado, a idolatria do ter e do poder, o culto do corpo pelo corpo, a irresponsabilidade na vivência da sexualidade... Não! Neste mundo não há lugar para Deus!


Mas, sem ele, sem os valores que a fé nele desperta, o homem perde o rumo, torna-se oprimido por uma existência sem encanto, um pobre solitário num mundo cão e, por fim, acaba lobo de si mesmo. Agostinho era mais esperto que Nietzsche, conhecia melhor que ele o coração humano: “Tu nos fizeste para ti, Senhor; inquieto andará o nosso coração até que não repouse em ti!


Que fique claro: enquanto o homem insistir em caminhar sem Deus, fechado sobre si mesmo, não há muito o que esperar para a humanidade. O ser humano pode crescer em progresso científico e tecnológico... mas não é isso que o humaniza: sem Deus, ele se destrói. Há um poema de um outro filósofo, profundamente humano, Miguel de Unamuno (ateu angustiado, buscador de Deus), que exprime bem esta necessidade inapelável que o homem tem de Deus, para continuar a ser homem. É oportuno transcrever um trecho desta poesia:
Ouve meu rogo, tu, Deus que não existesE em teu nada recolhes minhas queixas...Sofro eu às tuas custas, Deus não existente,Pois se tu existisses,Eu também existiria de verdade!...


Aqui, precisamente, está o drama do nosso mundo: sem Deus o ser humano não existe de verdade; sua vida não passa de ilusão e, ao fim das contas, ele torna-se somente e tão somente, como dizia Sartre (este, ateu cínico) uma paixão inútil! Sim! Pobre homem: sem Deus, não passa de uma paixão inútil!




Monsenhor Henrique Soares da Costa
Bispo eleito auxiliar de Aracaju.


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