quarta-feira, 22 de abril de 2009

" A PAZ, É VOCÊ QUEM FAZ".


Este é o lema de final de ano da Globo... Bonitinho, não é? E, no entanto é herético, é anticristão! Observem que a Globo não mais deseja feliz Natal; deseja apenas um feliz Ano Novo. Menos mal! Porque somente há Natal onde há Jesus, pobre, manso, incômodo, o Filho de Deus feito filho do homem para elevar o homem à dignidade de filho de Deus. Somente há Natal onde os corações se abrem de fato para o Presente que o Pai nos enviou, onde Jesus é, de fato, acolhido, no seu Evangelho, nas suas exigências, no seu radicalismo, no seu amor tão comprometedor e exigente! Certamente, não é este o Natal do mundo, da Globo, dos bem-pensantes em geral...

Mas, voltemos à frase da Globo... Por que ela é inaceitável para nós, cristãos? Por que é herética? Santo Agostinho, seria capaz de levantar-se do túmulo, lá do distante século V, para imprecar contra ela, pensando que o monge herege Pelágio estava dirigindo a programação da Globo! Isso mesmo, a frase da Globo é pelagiana! Mas, vamos com calma!

É verdade que vivemos num mundo carente de paz, não somente de paz no Afeganistão, na Terra Santa ou nas nossas grandes cidades tão violentas. Somos carentes de paz sobretudo porque nosso mundo e nosso coração são carentes de valores: destruímos o amor e o temor de Deus em nós, destruímos o sentido do compromisso sério em relação ao Senhor, destruímos um montão de outras coisas: nossa vida religiosa, nossas famílias, a fidelidade conjugal, a indissolubilidade do matrimônio, o sentido do altruísmo, da simplicidade, da frugalidade de vida... Somos uma geração de estressados, de desorientados, de sem-valores e sem sentido para a vida... Então, carentes de paz: paz exterior e paz interior!


Carentes de paz, sedentos de paz, no entanto não podemos sozinhos encontrar a paz! Somente abertos para Deus podemos encontrar a paz porque somente Deus nos pode concedê-la... e ele no-la concedeu... num Menino, num Pobrezinho, Fraquinho, Pequenininho, envolto em faixas, reclinado numa reles manjedoura. Isso! A paz tem nome, a paz tem rosto, a paz choraminga, a paz chama-se Jesus!


Pelágio, o monge cristão de nome esquisito, ensinava, lá no século V, que o homem sozinho pode alcançar a Deus, pode alcançar a paz e o bem, que não precisa da ajuda da graça de Deus... ou melhor, ele dizia o que alguns bobinhos dizem, pensando que estão citando a Bíblia: “Faze que eu te ajudarei!” – primeiro a gente faz, depois, Deus ajuda! Errado, falso, herético! Sem a graça de Deus que nos vem em Jesus Cristo, o homem não pode nada: nem pensar o bem nem desejar o bem nem realizar o bem! - “Sem mim, nada podeis fazer!” – Como diz São Paulo, “é Deus quem vos dá o querer e o realizar!” A doença de Pelágio é a do mundo atual: pensar que pode construir sem Deus, pensar que a bondade cristã é a bondade melecada da Hebe Camargo, que a doçura é o risinho cínico da Xuxa, que a verdade é o engano debochado do Arnaldo Jabor! Não! Somente Cristo é nossa paz – Paz, com “p” grande, maiúsculo, grandão! A Paz é Cristo, por quem nos vêm a graça e a verdade! Toda graça, toda verdade!


Enquanto a Globo e o mundo pensam numa paz feita por nós mesmos, a Igreja, na força do Espírito, proclama, admirada e feliz, na Noite Santa: “Hoje desceu do céu a verdadeira Paz! Hoje a terra exulta com o céu! Hoje por toda a terra as nuvens destilam mel! Hoje, das montanhas mana leite! Hoje nasceu para nós um Salvador, o Cristo nosso Deus!” – Eis! A Paz é presente, a Paz nos é dada! A Paz deve ser acolhida, amada, vivida, promovida: “Bem-aventurados os que promovem a paz (a de Cristo) porque serão chamados filhos de Deus!”.


Se o mundo deseja construir a paz de verdade, deve abrir-se para ela, pequenina e frágil no Menino de Belém. Somente ele pode nos dizer: “Eu vos deixo a paz, dou-vos a minha paz! Não vo-la dou como o mundo a dá!”.





Monsenhor Henrique Soares da Costa
Bispo eleito auxiliar de Aracaju.



Disponível em:
http://www.padrehenrique.com/editoriais_semeador.htm#

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