Estudo lançado em setembro de 2006 enfatiza que as conseqüências das desigualdades continuarão caso não sejam efetivadas ações que diminuam questões relativas ao tratamento diferenciado entre as raças.
A segunda edição do estudo Retratos da Desigualdade, lançada nesta segunda-feira, 25 de setembro, em Brasília, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), enfatiza que as conseqüências das desigualdades tenderão a continuar caso não sejam efetivadas ações que diminuam questões relativas ao tratamento diferenciado entre as raças. Para o estudo, é notório que pessoas brancas têm mais acessos aos serviços e bens públicos do que as pessoas de cor negra.
Baseados na Pesquisa Nacional de Amostragem por Domicílio (Pnad), de 2004, o estudo diz que os percentuais refletem as desigualdades entre os brasileiros, quando muitos deixam de ter acesso a serviços básicos como educação, saúde, moradia, etc e, também, quando são denominadas como brancos ou negros, homens ou mulheres.
"As diferenças raciais tendem a se perpetuar, caso não sejam empreendidas ações voltadas a reverter o atual quadro, no qual as diferenças entre brancos e negros impressionam: a média de 7,7 anos de estudo entre os brasileiros brancos se contrapõe a 5,8 anos entre os brasileiros negros", diz a edição de Retratos das Desigualdades, em relação à educação.
Os números na parte educacional deixam as diferenças mais nítidas. Em 2004, 16% dos negros maiores de 15 anos eram analfabetos, esse valor era de apenas 7% para os brancos. Entre as crianças negras de 10 a 14 anos de idade, o analfabetismo chega a 5,5%, comparados a 1,8% entre as crianças brancas da mesma idade. Apesar disso, entre os mais jovens o fosso racial ainda é de menor magnitude que entre os mais velhos: em 2004, 47% dos negros com 60 anos ou mais de idade eram analfabetos, enquanto 25% dos brancos estavam na mesma situação.
O documento analisa ainda a expectativa de vida. As mulheres brancas, em 2000, esperavam viver 73,8 anos quando nasciam; as mulheres negras, 69,5 anos; os homens brancos, 68,2 e os homens negros, 63,2 anos. Essas desigualdades na expectativa de vida refletem, diz o estudo, o menor acesso a bens e serviços de saúde, à educação, a serviços de infra-estrutura, como abastecimento de água, esgoto, etc. e, certamente, à maior mortalidade por causas externas (homicídios, acidentes) entre negros – no caso dos homens.
No quesito saúde, as diferenças percentuais continuam. Entre as mulheres negras, 44,5% jamais haviam realizado o exame clínico de mamas, contra 27% das brancas. O mesmo pode ser observado para a mamografia – 60% das mulheres brancas e 43% das negras já realizaram o exame ao menos uma vez. Para o exame de colo do útero, a diferença entre brancas e negras diminui – cobertura de 82% das mulheres brancas e 73% das negras. Na comparação racial, enquanto 12% da população branca declararam nunca ter consultado dentista, entre os negros esse percentual sobre para 20%.Enquanto 6,8% dos homens e 7,9% dos brancos encontravam-se desempregados, em 2004, no caso das mulheres e dos negros as taxas de desemprego alcançaram valores bem mais altos, 11,7% e 10%, respectivamente. De acordo com o estudo, as mulheres negras encontraram maiores dificuldades de inserção no mercado de trabalho. Em 2004, 13,3% das mulheres negras estavam desempregadas, ao passo que, entre os homens brancos – grupo em melhores condições laborais –, esta parcela era significativamente menor: apenas 6,1%.
Em 2004, 19,5% da população branca situava-se abaixo da linha de pobreza, enquanto mais do dobro, ou 41,7%, da população negra encontrava-se namesma situação de vulnerabilidade. No caso de indigência, a situação é tão ou mais grave: enquanto 6,4% dos brancos recebem menos de um quarto de salário mínimo per capita por mês, esse percentual salta para 16,8% da população negra, quase três vezes mais na comparação com o grupo dos brancos.
"Se não podemos afirmar que a pobreza tem um rosto feminino em função do tipo de medida utilizada, ela sem dúvida é negra e vem se mantendo negra historicamente", ressalta o trabalho desenvolvido pelo Ipea.
Retratos da Desigualdade leva em consideração que o Brasil era composto, em 2004, de 51,4% de brancos; 42,1% de pardos; 5,9% de pretos; 0,4% de amarelos e 0,2% de indígenas. No que diz respeito ao sexo, o Brasil era composto por 48,7% de homens e 51,3% de mulheres. Havia 4.707.835 de mulheres a mais em relação aos homens.
Matéria extraída da ADITAL Agência de Informação Frei Tito para a América Latina: www.adital.org.br
Disponível em: http://www.salesianos.com.br/Subsidios.asp
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