Como vai a crise? De vento em popa. Mostrou a farsa do Partido dos Trabalhadores puro e ético; mostrou a farsa de um Presidente Lula ético, inocente e altruísta, despreocupado com o poder e preocupado com o povo; mostrou a podridão do nosso sistema político-eleitoral, todo montado em caixa dois; mostrou o absurdo do modo como se fazem campanhas políticas no nosso país; mostrou que não há salvadores da pátria; mostrou a incoerência de uma esquerda oportunista (incluindo CUT, MST e UNE), que grita por ética somente quando lhe convém e quando os acusados não são dos seus quadros ou do grupo de seus simpatizantes... Dá pena ver a tolice esperta de quem apóia o governo corrupto e faz passeata contra a corrupção... a falta de coerência é clara e patente; não engana a não ser os já enganados. Então, com toda desgraça, essa crise tem seu aspecto didático.
Mas, também traz seus perigos. O maior deles é a descrença na democracia e a total desilusão com os políticos, afinal não faltam Lulas, Dirceus, Severinos e Janenes na política brasileira... A vontade que muitos têm é de nunca mais votar em ninguém e alienar-se totalmente da construção de uma vida política mais saudável e positiva no nosso país.
Nós, cristãos, não podemos fazer isso; não podemos pensar assim. Nossa esperança não repousa num partido (não somos uns tolos) ou no carisma de um político qualquer, ainda que seja um presidente que nasceu pobre (não somos uns deslumbrados); nossa certeza não se prende a uma ideologia (não somos uns alienados da realidade concreta e complexa). Nossa esperança funda-se em Cristo que, morrendo na cruz, nos revela a maldade sempre presente no mundo e em cada pessoa, até mesmo em cada um de nós e, ressuscitando dos mortos, ensina-nos e garante que a maldade e o pecado podem ser vencidos e o foram de fato e, subindo ao céu, revela-se-nos como Senhor de todas as coisas e de todas as situações, mesmo as mais sombrias: tudo caminha para ele e tudo coopera para a construção do seu Reino.
Não temos ilusões! Não é a esquerda quem vai salvar o Brasil; tanto menos a direita, o centro ou qualquer outra coloração ideologia. Não adiantam muito os planos mirabolantes e as promessas megalômanas. Cremos no Senhor Jesus que salvou o mundo sendo atento e fiel ao Pai e aos irmãos nas pequenas coisas e nas ocasiões mais simples. É nele que está a vida, nele a esperança, nele a nossa certeza.
Quando os planos humanos desabam, quando os prognósticos otimistas se revelam enganosas ilusões, nós, discípulos do Senhor Jesus, cheios de serena esperança, devemos continuar fiéis nas coisas pequenas, atentos ao que de positivo existe em torno a nós. Há um mundo a ser construído, há tanto amor a ser testemunhado, há esperança a ser plantada. E, se não formos nós, quem o fará? Somos sal, somos luz. Um antigo documento cristão do século II dizia que os cristãos no mundo estão em tal situação, têm tal responsabilidade que não lhes é permitido voltar atrás. Pensemos nisso.
Monsenhor Henrique Soares da Costa
Bispo eleito auxiliar de Aracaju.
Nenhum comentário:
Postar um comentário