sexta-feira, 17 de abril de 2009
A IGREJA ANTE A OPERAÇÃO TATURANA.
Os Bispos de Alagoas, Dom Antônio Muniz Fernandes, Dom Valério Breda e Dom Dulcênio Fontes de Matos, tornaram pública uma Carta aos católicos e a toda a sociedade alagoana. O tema: a crise em que se encontra a nossa Assembléia Legislativa por conta da Operação Taturana.
Eis os pontos principais das palavras de nossos Bispos:
1. A Igreja em Alagoas acompanha com extremo interesse as investigações e espera, ansiosa, o pronunciamento final da Justiça.
2. A Igreja espera que os cerca de trezentos milhões de reais que foram desviados dos cofres públicos sejam devolvidos ao erário. Alagoas é um Estado pobre e não pode se dar ao luxo de perder esta quantia tão grande de dinheiro.
3. A situação vergonhosa em que se encontra a nossa Assembléia Legislativa deve ser colocada num contexto mais amplo: aquele da corrupção política, sobretudo a compra de votos, tão comum no nosso País. É preciso desmantelar essa cultura de corrupção, pois ela gera uma crescente desconfiança em relação às instituições públicas, causando uma progressiva desafeição dos cidadãos em relação à política e aos seus representantes, com o conseqüente enfraquecimento da democracia.
4. Repudia-se firmemente qualquer tipo de ameaça de morte aos agentes públicos que estão conduzindo todo este processo de investigação e punição dos culpados. A Igreja não aceitará “jeitinhos” nem bodes expiatórios: devem-se levar as investigações às últimas conseqüências e os culpados devem ser punidos na forma da lei.
5. As ameaças de morte somente confirmam a ligação maldita entre corrupção, violência e crime de mando.
6. A Igreja católica conclama as várias comunidades eclesiais cristãs e a sociedade em geral a um mutirão pelo retorno dos recursos desviados aos cofres públicos e pela continuidade e ampliação das investigações, preservando a vida as autoridades ameaçadas e a punição exemplar dos culpados.
Uma ocasião como esta, tão dolorosa e decepcionante, pode também ser uma oportunidade para um sério exame de consciência da sociedade alagoana. Eis alguns pontos dolorosos: (1) Todos sabíamos que havia algo de podre na nossa Assembléia. Nunca se fez nada para debelar os atos lesivos ao interesse público que ali se perpetravam. (2) Os deputados que ali têm assento não caíram do céu: foram eleitos pelo povo alagoano. É toda a sociedade que tem algo de culpa nesta triste situação. (3) É necessário que nos perguntemos o que devemos e podemos fazer para que não mais cheguemos a uma situação tão deplorável como esta.
Sobretudo para um cristão, esta questão tem de calar fundo na consciência, pois a retidão, a busca do bem comum e a construção de um aparato estatal que vele sobretudo pelos menos favorecidos da sociedade devem ser compromissos éticos inarredáveis para um discípulo de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Assim, pois, que a palavra de nossos Bispos encontre eco na nossa consciência e na nossa ação!
Monsenhor Henrique Soares da Costa
Bispo eleito auxiliar de Aracaju
Disponível em: http://www.padrehenrique.com/editoriais_semeador.htm#
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