“Por amor à vida, use camisinha”
Assim rezava uma frase colocada na Praça, diante da Catedral Metropolitana, com o patrocínio da Prefeitura Municipal, do Governo do Estado e do Governo Federal. Propaganda da camisinha: “Por amor à vida, use camisinha!” Diante da Catedral! Pouca vergonha!
Pode parecer mesquinha a posição da Igreja em ter reservas à propaganda do uso de preservativos. Não seria estar fechando os olhos para a realidade hodierna de liberdade sexual, atrapalhando o combate à AIDS e às doenças sexualmente transmissíveis? Não seria uma Igreja repressora e sexualmente neurótica, querendo colocar empecilhos na liberdade do mundo? A Igreja é culpada – dizem – de querer que a AIDS se propague! Coloquemos os pontos nos is!
A Igreja não é contra uma propaganda de conscientização no combate à AIDS. O problema é que se fazem tais propagandas sem nenhum critério moral. Parece até que toda a questão da sexualidade humana resolve-se na questão de preservativos! Vejamos. Quem não percebe que essas tais propagandas, tão inocentezinhas e cheias de boa vontade, na verdade são propaganda do sexo “livre”, sexo irresponsável, sexo fora do casamento e contra o casamento? Será mesmo que o que faz o sexo “seguro”, “responsável” e aceitável moralmente é somente o uso de um simples e cândido preservativo? Estas propagandas passam a seguinte idéia: use camisinha e tudo é lícito, tudo permitido, tudo moralmente correto em matéria sexual! Será que um cristão pode aceitar isso? Será isso que o Evangelho nos propõe? Sexo não é brincadeira, como amor não é brincadeira! O sexo, verdadeiramente humano, verdadeiramente construtivo no processo de humanização, deve ser vivido num contexto de amor, de responsabilidade, de compromisso, de real e efetiva entrega de vida. Sexo não é coisa para crianças, para imaturos!
Qualquer pessoa humanamente responsável pode compreender que sexo é coisa séria! E qualquer cristão honestamente comprometido com o Evangelho sabe que o sexo tem um sentido preciso no plano de Deus: para os cristãos, a sexualidade não é mera questão privada, mas faz parte de um desígnio muito mais amplo, que envolve aquilo que Deus quer de nós: o homem segundo Cristo é chamado a viver sua vida sexual e genital segundo Cristo! A sexualidade, na sua dimensão de genitalidade, de ato sexual propriamente dito, tem como primeira finalidade celebrar o amor – amor partilhado, vivido, sofrido, construído responsável e duradouramente -; além do mais, é o canal normal e natural, simples e bonito, para a propagação da humanidade: cada pessoa deve ser fruto de um “eu te amo”, de um encontro amoroso, existencial, responsável e fecundo entre um homem e uma mulher afetiva e existencialmente comprometidos!
Mas, não é isso que as propagandas do Governo (federal, estadual e municipal) veiculam! Nossos governantes não têm a mínima preocupação em disciplinar o modo como os meios de comunicação tratam a questão da sexualidade: infidelidade conjugal, iniciação sexual precoce, homossexualidade... tudo isso é tratado sem nenhum aprofundamento, à base de slogans e chavões superficiais, vazios e imorais! Ninguém jamais viu o Governo preocupado em veicular propaganda pela castidade, por uma vida sexual madura, do modo certo e no momento certo! “E tem disso?” – perguntam, escandalizados, os liberados de plantão? “Sexo é certo no tempo e no modo que as pessoas quiserem” – diriam eles, triunfantes! Errado! Nosso mundo é um mundo sexualmente doente; existe, hoje, uma sexopatologia generalizada, um fixação na questão da genitalidade! Não é normal, não é natural, não é correto, uma criança ser levada a namorar aos doze anos de idade, a ter relação aos quinze, a engravidar aos dezesseis; não é normal achar que em todo namoro tem que “rolar sexo”, não é decente trocar o verbo “fornicar” e “adulterar” por “namorar” e “namorar” por “ficar”; não é cristão os pais permitirem que seus filhos levem parceiros pra casa para terem relações pré-matrimoniais. Do ponto de vista do Evangelho, é pecado e imoralidade! Não é segundo Cristo os pais não tocarem em assunto de sexo com seus filhos, mesmo suspeitando ou sabendo claramente que eles estão tendo relações com seus parceiros antes do casamento; não é moral, não é virtuoso, é pecaminoso, um pai ou uma mãe cristãos comprarem preservativos para os seus filhos! Isso é capitulação do seu dever de educar, de dialogar, de desenvolver critérios morais, de formar segundo Cristo. Isso é pecado, é infidelidade aos deveres do matrimônio cristão!
É claro que, ao fazer tais afirmações, este espaço editorial choca... como choca aos ouvidinhos liberais do mundo neopagão uma jovem afirmar que é virgem ou um rapaz revelar que é casto... Mas, aqui, a questão é uma só: sobre quais valores construímos nossa vida? Para um cristão, qual é o critério último de moralidade: o mundo ou o Evangelho? Quem dera que os cristãos escolhessem Cristo e seu Evangelho... para serem cristãos de verdade... Quem dera que o Governo tivesse vergonha de propagar um tipo de faixa como a imoralidade da praça da Catedral... Quem dera que a gente dissesse, gritando e escrevendo aos jovens: “Por amor à vida, sejam castos! Por amor à vida, sejam nobres de sentimentos, instintos e caráter! Por amor à vida, integrem sua sexualidade e sua genitalidade num propósito de vida! Por amor à vida, levem a sério o Evangelho
Monsenhor Henrique Soares da Costa
Bispo eleito auxiliar de Aracaju.
Disponível em: http://www.padrehenrique.com/editoriais_semeador.htm#
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